AGRICULTORES ALEMÃES CRITICAM AGRESSIVIDADE DO BRASIL
14 de Novembro de 2005

 

Agricultores alemães criticam agressividade do Brasil

Agência EFE

14/11/2005

O presidente da confederação européia de agricultores (Copa), Franz-Josef Feiter, e o presidente da associação alemã de agricultores, Gerd Sonnleitner, culparam hoje o Brasil e os Estados Unidos pelo clima tenso antecede a rodada que os países-membros da OMC realizarão em Hong Kong.

"As perspectivas de um acordo em dezembro são poucas e não por culpa da União Européia (UE), mas dos EUA e, sobretudo, do Brasil, com uma política de exportações muito agressiva", disse Sonnleiter.

O presidente da associação alemã de agricultores citou como exemplo o drástico aumento das exportações agropecuárias brasileiras, especialmente de carne e de açúcar. Aumento esse que, destacoum "não é acompanhado de uma melhora das condições trabalhistas e sociais" no Brasil.

"Mercado justo não é só abrir as fronteiras, mas assegurar que essa abertura não cause danos irreversíveis a ninguém, inclusive aos consumidores, que só poderiam optar por produtos não processados com o controle de sanidade vigente aqui", afirmou.

Sonnleiter disse que se a UE fizesse o que o Brasil pede, "supostamente" em nome dos países que integram o G20, a agricultura comunitária desaparecia e as quatro milhões de pessoas que o setor emprega na Alemanha ficariam desempregadas.

"Na UE não há trabalho infantil, são pagos salários dignos, os trabalhadores estão segurados e há vários controles sanitários e de qualidade", destacou Sonnleitner, que acrescentou que "a agricultura européia nunca poderá competir com os preços de produtos que custaram menos do que aqui é pago por uma hora de trabalho".

Sonnleiter, como fez Feiter, assegurou que as associações de agricultores alemães e de outros países europeus são a favor da liberalização do comércio, mas "não a qualquer custo".

Ambos questionaram o Brasil, com sua posição intransigente e sua agressividade na busca pelos interesses do G20, já que se "trata de um grupo heterogêneo, e as demandas do Brasil não são aplicáveis ao restante deles, com possibilidades de produção e desenvolvimento díspares".

"É incompreensível que o G20 tenha dado ao Brasil um cheque em branco, pois se as negociações fracassam, e as perspectivas por enquanto não são nada animadoras, a fatura será paga por todos", opinou Feiter, a favor de acordos regionais ou com grupos de países mais homogêneos.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/economia/2180001-2180500/2180390/2180390_1.xml