A PROCLAMAÇÃO  DA INDEPENDÊNCIA

No dia 11 de Setembro de 1836, diante da sua tropa, Antônio de Sousa Neto, coronel comandante da Primeira Brigada, lê, no Campo dos Meneses, a seguinte proclamação:

 


BRAVOS COMPANHEIROS DA PRIMEIRA BRIGADA DE CAVALARIA!

Ontem obtivestes o mais completo triunfo sobre os escravos da corte do Rio de Janeiro, a qual, invejosa das vantagens locais da nossa província, faz derramar sem piedade o sangue dos nossos compatriotas para, deste modo, fazê-la presa das suas vistas ambiciosas.

Miseráveis! Todas as vezes que seus vis satélites se têm apresentado diante das forças livres, têm sucumbido, sem que este fatal desengano os faça desistir dos seus planos infernais.

São sem número as injustiças feitas pelo governo: seu despotismo é o mais atroz. E sofreremos calados tanta infâmia? Não.

Nossos compatriotas, os Rio-Grandenses, estão dispostos como nós a não sofrer por mais tempo a prepotência de um governo tirano, arbitrário e cruel, como o atual.

Em todos os ângulos da província não soa outro eco que independência, república, liberdade ou morte.

Este eco majestoso, que tão constantemente repetis, como uma parte deste solo de homens livres, me faz declarar que proclamamos nossa independência provincial, para o que nos dão bastante direito os nossos trabalhos pela liberdade e o triunfo que ontem obtivemos sobre estes miseráveis escravos do poder absoluto.

Camaradas! Nós, que compomos a primeira brigada do exército liberal, devemos ser os primeiros a proclamar, como proclamamos, a independência desta província, a qual fica desligada das demais do império, e forma um Estado livre e independente, com o título de República Rio-Grandense, e cujo manifesto às nações civilizadas se fará competentemente.

Camaradas! Gritemos pela primeira vez:
Viva a República Rio-Grandense!
Viva a Independência!
Viva o Exército Republicano Rio-Grandense!

Campo dos Meneses, 11 de Setembro de 1836.

Antônio de Sousa Neto
Coronel Comandante da 1ª Brigada

 

 

Proclamação da Independência
Quadro de
Antonio Parreiras

 

  Fonte: "A Revolução Farroupilha", de Walter Spalding.