A DOLARIZAÇÃO DA AMÉRICA LATINA
18 de Janeiro de 2001

Enquanto os tele-bobos assistem as novelas e jogos futebolísticos, o grande irmão do norte, apoiado pela mídia amestrada das republiquetas latino-americanas, avança em seu plano maquiavélico de criar o bloco econômico "Eu e os meus escravos". Os cidadãos do Sul que acompanham este informativo já foram alertados para mais esta agressão em notícia publicada em Março de 2000, intitulada "Nova moeda nacional brazileira será o dólar estadunidense".

 

O primeiro foi o Equador

A primeira economia dolarizada, em Março de 2000, foi a Equatoriana, sendo que  os tele-idiotas da República das Bananas Cantantes ignoram por completo o que aconteceu. Lá, a economia foi dolarizada a pretexto de combater a inflação do sucre - a antiga moeda - que em 1999 havia atingido 61%. Agora, com a economia dolarizada, em menos de um ano a inflação já é de 82,5%, o desemprego não pára de crescer, atingindo, segundo números oficiais sabidamente forjados, o patamar de 15%, enquanto 70% da população vive na pobreza e 26% na miséria absoluta. O Brazil é um dos poucos países que detêm um quadro social pior que este, com 74% da população em situação de pobreza e 41% vivendo em situação de miséria extrema (¹).

 

O próximo alvo é El Salvador

O novo alvo da política expansionista-imperialista do grande irmão do norte é El Salvador, cujo governicho apresentou à Assembléia Legislativa o projeto de "Lei de Integração Monetária" acompanhado de uma maciça e custosa campanha publicitária, com o propósito de enganar a população, dizendo que a dolarização resolverá os problemas econômicos e sociais do país.

Esta jogada publicitária esconde a verdadeira intenção que é que a dolarização da economia nacional é uma decisão do Estado Norte-americano, em benefício de seus próprios interesses e dos banqueiros. Da mesma forma em que se acenou vantagens com a privatização, cujo resultado, em El Salvador, só trouxe mais desemprego, aumento de preços, crise financeira e quebra de muitos agricultores, pequenas e médias empresas, hoje oferecem a dolarização como solução.

A dolarização também viola a Constituição salvadorenha, em seus artigos 111 sobre a ordem econômica, 131 parágrafo 13 sobre as atribuições da Assembléia Legislativa e 83 em relação à soberania nacional que é novamente agredida, ao entregar à Reserva Federal dos EUA (instituição privada controlada por banqueiros da pior espécie) e ao FMI o controle externo da política monetária, creditícia e cambial, além da política econômica; posição que vai na mesma linha anticonstitucional da entrega da base militar norte-americana em El Salvador.

Este decreto de dolarização será acompanhado de uma política de flexibilização trabalhista que significará a eliminação do salário mínimo, das horas extras e da organização sindical, o que levará a uma maior instabilidade trabalhista e social. Também o governo já prepara a eliminação dos subsídios ao diesel, à água, aumentará a gasolina e se discute um novo aumento de impostos.

 

A vez da republiqueta brazileira

O pretexto para dolarizar a economia brazileira parece já estar decidido. O Brazil será dolarizado como forma de reverter o mau desempenho da sua seleção futebolística nas competições internacionais.

 


Notas:

(¹) Hélio Jaguaribe, cientista político, no livro "Brasil: reforma e caos" in jornal "O Estado de São Paulo", 01/Jun/1994, p. A14.

Baseado no Jornal Hora do Povo de 19/Dez e 22/Dez/2000.