FALCATRUA NA SUSPENSÃO DO PAGAMENTO AOS APOSENTADOS COM MAIS DE 90 ANOS
13 de Novembro de 2003

Mensagem que circula na internet revela que a suspensão do pagamento das aposentadorias para quem tem mais de 90 anos de idade foi uma armação para acobertar uma falcatrua efetuada no Banco do Brasil no Rio de Janeiro.

Diversas evidências corroboram com esta tese:

Abaixo segue a mensagem que circula na internet e uma pequena análise da participação da globobo no assunto.

Mensagem que circula na internet:

Ontem recebí uma informação, ainda sem confirmação, de que os aposentados de + de 90 anos teriam sido vítimas de um verdadeiro assalto de Hackers internos do Banco do Brasil, o que teria motivado a urgência no bloqueio dos pagamentos.

Uma colega carioca informou-me que sua avó ao chegar no BB do Rio de Janeiro para receber sua pensão encontrou sua conta zerada. Na conta teriam havidos saques via internet e docs de valores altos (R$ 2500) coisa de hacker principiante = funcionário malandro e truculento. Os funcionários do BB, de forma conivente, rapidamente convenciam as velhinhas a se "recadastrar" e trocar de senha (ao trocar de senha o usuário admite culpa por não ter zelado pela segurança da senha anterior !!!!!).

Ainda há mais! O pobre velhinho ainda recebe a informação que o BB só devolverá a sua $$$$$ daqui a uns 15 dias !!!!!

Acobertamento, cumplicidade,quebra de contrato de prestação de serviço bancário, atentado ao Estatuto do Idoso etc, etc, etc...

Ao que parece foi um ataque de funciona'rios do próprio BB e a instituição governamental recebeu acobertamento do Ministério PTista !

Peço que cruze estas informações com colegas do e-group no Rio ou que tenham pessoas bem idosas na família as quais tenha sucedido desaparecimento de seu $$$$ no BB .

Alguns velhinhos tiveram como explicação de que o saldo R$ 0,00 era função do bloqueio do pagamento !!!!

Essa seria talvez a maior falcatrua do governo brazuca em 2003 !

 

Quem conhece o "modus operandis" da rede globo de televiaditização não tem qualquer dificuldade que está em curso uma operação para abafar e mascarar algum acontecimento sério. É só observar a quantidade e custo das inúmeras "reportagens" que a rede globobo veiculou nos últimos dias para estimar o tamanho da falcatrua que está sendo acobertada. Foram dezenas nos últimos dias, tentando, sempre, acalmar (anestesiar certamente seria mais adequado) os aposentados oferecendo compensações. Foram reportagens dentro da filosofia: nós suspendemos/atrasamos o pagamento das aposentadorias, mas agora vamos passar um monte de "reportagens" mostrando que "são os aposentados que sustentam a economia de muitas cidades", que os aposentados "ajudam a recuperar a memória urbana de Belo Horizonte", etc. e resgatar o orgulho dos aposentados nonagenários.

O programa-lixo Cassetóides&Boiolóides, apresentado por um grupo de gays na mesma emissora, também foi mobilizado e adotou uma abordagem que deixa poucas dúvidas sobre o que está sendo acobertado. No programa de 11/Nov/2003, os boiolóides exibiram extenso quadro, com incríveis 2 minutos e 50 segundos, tentando vender uma imagem positiva sobre o sistema de banco por computador (home banking). Durante o quadro foram exibidas máquinas eletrônicas de saque similares às utilizadas pelo Banco do Brasil. Esta inserção de merchandising custou aproximadamente R$ 3,4 milhões (aprox. R$ 20.000,00/segundo). Quem pagou certamente estava desesperado para vender uma imagem positiva (?). Ouça aqui a gravação do programa em formato WAV e tire suas próprias conclusões.

 

Abaixo, uma coletânea de algumas (apenas algumas) notícias veiculadas pelo jornal oficial nacional, da rede globobo de televiaditização. Os telejornais da globobo tradicionalmente veiculam mentiras e comerciais dissimulados/subliminares de produtos inúteis e ideologias racistas.

Sexta-feira, 7 de novembro de 2003

Benefícios da aposentadoria movem a economia da maioria dos municípios brasileiros 

Os benefícios pagos pelo INSS não são importantes apenas para os aposentados. Uma pesquisa do ministério da Previdência mostrou que as aposentadorias sustentam mais da metade das cidades brasileiras.

Todo começo de mês o prefeito chama o sanfoneiro. O povo levanta as mãos para o céu. É a aposentadoria que chegou.

Os comerciantes dão plantão na porta - aposentado é cliente VIP.

"Salva a pátria do município. Mais da metade do comércio é em função dos aposentados", explica um comerciante.

Em cidades aonde a vida vai a trote e onde ainda se proseia de porta aberta, não é fácil ver a cor do dinheiro. É assim em Cavalcante, Goiás.

Um estudo do secretário executivo do Ministério da Previdência mostra o impacto do pagamento dos benefícios nas pequenas cidades. O Brasil tem 5.561 municípios, em 3.546 deles o valor das aposentadorias e pensões é maior que o repasse do FPM, o Fundo de Participação dos Municípios. Ou seja, os aposentados têm mais dinheiro do que estas prefeituras recebem da União - e não é só.

"Acabam sendo mais importantes que a prefeitura, porque o recurso do FPM é, muitas vezes, diluído em políticas públicas inadequadas. E, no caso dos aposentados, eles sabem destinar muito bem os recursos para aquelas necessidades básicas deles e da comunidade", argumenta Álvaro Sólon de França, secretário executivo do Ministério da Previdência.

Nestas cidadezinhas o respeito aos velhos deixa de ser só uma exigência moral para ser também uma necessidade material. É claro que as genuínas relações de afeto não mudam por causa disso, mas que o status do vovô mudou - mudou. Pergunte se o povo gosta de ter um velhinho em casa.

"Gosta, gosta. Quem é que não gosta de dinheiro?", ri o aposentado.

O cartão de dona Senhorinha sustenta netos, filhos, genro. À dona Senhorinha, resta agradecer. Vida longa para a matriarca da família.

 

 

Sexta-feira, 7 de novembro de 2003

Desculpas públicas    

O ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, se desculpou nesta sexta-feira à tarde pelos transtornos que o recadastramento do INSS causou a milhares de aposentados e pensionistas com mais de 90 anos. Durante todo o dia, houve críticas à decisão de bloquear os pagamentos sem aviso prévio. Nos postos de atendimento foi mais um dia de filas.

As imagens da última quinta-feira mostraram o sofrimento dos aposentados nas filas para o recadastramento. Nesta sexta, em uma entrevista logo cedo ao Bom Dia Brasil, o ministro da Previdência justificou as medidas do INSS e explicou porque os aposentados não foram convocados antes do bloqueio do pagamento.

"Nós teríamos a hipótese de fazer o aviso prévio geral. A avaliação da diretoria do INSS foi que isso poderia provocar uma corrida ainda maior de pessoas que não estavam incluídas nesse quantitativo e pudessem acorrer às agencias do INSS", explicou Ricardo Berzoini.

No entanto, na manhã de sexta ele ainda não estava disposto a se desculpar.

"Não há razão para pedir desculpas porque houve problemas localizados", disse o ministro.

Os aposentados têm até o fim do ano para fazer o recadastramento. É necessário apresentar original e cópia dos seguintes documentos:

CPF
Carteira de identidade
Título de eleitor
Carteira de trabalho
Certidão de casamento ou certidão de nascimento
Comprovante de residência
Documentação do INSS

Segundo o INSS, um funcionário irá à casa de quem não puder ir aos postos.

Por isso Maria de Lourdes enfrentou a escadaria da passarela e a rampa do posto para agendar logo uma visita para a irmã, de 90 anos.

"Antes que eles façam qualquer coisa, deixa eu ver o que eles vão me dizer", disse a aposentada.

A ordem para liberar os pagamentos a partir de segunda-feira já chegou aos computadores da empresa que faz o processamento de dados da Previdência. Os técnicos dizem que um novo computador, mais potente, vai ajudar a descobrir fraudes.

A Previdência recebe em média a comunicação de 85 mil mortes de segurados por mês, e os pagamentos são imediatamente suspensos em um sistema de informática. Mas a suspeita dos técnicos é que nem todas as mortes são comunicadas, e os pagamentos continuam sendo feitos mesmo com as pessoas mortas.

Nesta sexta-feira, as filas ainda foram grandes nos postos do Rio. A professora aposentada de 105 anos foi na sexta mesmo tentar se recadastrar - ela diz que tem pressa.

"É brinquedo a gente ficar sem o dinheirinho? Por isso eu estou aqui", disse a aposentada Martinha Santos.

Em Brasília, houve muitas críticas à maneira como o INSS tentou fazer o recadastramento dos idosos. Em discursos no plenário, alguns políticos chegaram a pedir a demissão do ministro da Previdência.

"O que era normal em um país civilizado, com sensibilidade para com as pessoas, é que fosse feito o recadastramento, mas na casa das pessoas", discursou o líder do PSDB, deputado Jutahy Júnior.

"O que o ministro Berzoini fez, em um governo qualquer, não pode ser feito sem a anuência do presidente da República - e eu tenho certeza que ele não ouviu o presidente da República" disse o senador Antônio Carlos Magalhães.

No interior de Goiás, o vice-presidente José Alencar disse que a medida foi um equívoco.

"De fato, não poderia ter sido feito daquela forma, porém há um grande desvio de recursos nesta área, e o governo vai agora cuidar de encontrar uma solução que resolva o problema, mas respeitando a todos os idosos", criticou o vice-presidente José Alencar.

À tarde, em São Paulo, o ministro Ricardo Berzoini deu uma nova entrevista. Ele reconheceu explicitamente os erros e pediu desculpas aos aposentados.

"Eu acredito que esta questão obviamente merece uma reflexão profunda, e acredito que a reflexão se torna mais adequada quando nós podemos identificar os erros que ocorreram no processo. Um dos erros foi associar o recadastramento com bloqueio - obviamente ocorreu um equívoco e nós estamos reconhecendo publicamente e nos desculpando com as pessoas que sofreram qualquer tipo de transtorno ou constrangimento nestes dias

 

 

Sábado, 8 de novembro de 2003

Desculpas sinceras: Berzoini garante que os benefícios serão pagos normalmente 

O ministro da Previdência voltou a pedir desculpas aos aposentados de mais de 90 anos. Ricardo Berzoini reafirmou que acabou o bloqueio dos benefícios e que o recadastramento será aperfeiçoado.

"O erro foi vincular o recadastramento ao bloqueio. Nós poderíamos ter estabelecido recadastramento simplesmente avisando às pessoas que estão neste contingente que deveriam comparecer a uma agência ou solicitar a visita, e dar um prazo maior", explicou o ministro Berzoini.

O ministro disse que o seu pedido de desculpas foi sincero e explicou porque demorou a fazê-lo.

"Na parte da manhã, eu saí do Bom Dia - na hora eu estava muito irritado com as ocorrências, com tudo que aconteceu, mas logo após a resposta que dei eu avaliei que deveria fazer um pedido de desculpa formal e sincero. Portanto, nesse caso, não custa a gente ter a tranqüilidade, a dignidade, de pedir desculpas sinceramente - não por uma conveniência política, mas com sinceridade por entender que o poder público merece, merece não - deve - tratar o cidadão com todo respeito e com toda atenção", disse o ministro.

"Nós estamos trabalhando é para viabilizar um cadastro confiável no INSS a partir de uma série de levantamentos de dados", revelou.

"Na verdade, já existe um mecanismo que precisa ser aperfeiçoado, que é o Sisob - Sistema de Informações de Óbitos - e que tem uma série de falhas do ponto de vista cadastral também - que requerem um tipo de tratamento adequado do ponto de vista da informática e da precisão do nome e demais informações", continuou o ministro.

"Eu devo me dirigir ao presidente e apresentar um relatório, inclusive do que ocorreu. Eu acredito que é um fato relevante o suficiente pra isso", concluiu Berzoini.

 

 

Segunda-feira, 10 de novembro de 2003

Idosos ajudam a resgatar a memória urbana de Belo Horizonte 

A experiência de moradores mais velhos está ajudando a contar a história de Belo Horizonte. Sem pedir um tostão em troca, eles ajudam a recuperar a memória da cidade.

O crescimento de Belo Horizonte nos últimos 80 anos foi acompanhado por Newton Viana.

"Não tinha um prédio - aqui, haviam diversas chácaras", lembra o médico aposentado.

Época registrada em fotografias, que Newton e outros cem idosos estão ajudando a identificar.

"É uma foto da fundação do Mineirão", garante o aposentado.

Reunidos em grupos no Arquivo Público, os voluntários estão catalogando mais de cem mil fotos de antigos moradores e lugares, como a Avenida Afonso Pena - a principal de Belo Horizonte - que perdeu muito de seu verde, enquanto, de 1905 para cá, o Palácio do Governo ficou cercado de árvores.

Os velhos moradores guardam na lembrança informações que fotografias não registram, e estão trazendo de volta histórias que já estavam esquecidas, de lugares que nem existem mais.

Onde hoje fica a Praça da Rodoviária, nas décadas de 40 e 50 havia outro prédio - o da primeira rádio da cidade.

"Vinham as cantoras cariocas famosas como Emilinha Borba, Marlene", conta a aposentada Corina Bandeira.

Além da localização do prédio, Corina se lembrou também de costumes rígidos da época.

"Criticavam, e nós não podíamos freqüentar. Eu fiquei um mês de castigo por conta de ter assistido um show da Emilinha - eu era grande fã dela", lembra a aposentada.

As fotos da Praça Sete, no centro da cidade, também trazem recordações para o funcionário público aposentado Albes Pereira Cláudio.

"Naquela época, havia tanta tranqüilidade que o governador, Juscelino Kubitschek, descia do Palácio da Liberdade e vinha tomar café junto ao povo na Praça Sete", recorda-se.

Em uma esquina do centro ficava um hotel, construído há mais de cem anos e demolido na década de 60. A foto só foi identificada graças à memória de Paulo Teixeira Dias, aposentado.

"Era o hotel onde se hospedavam os grandes políticos, as grandes personalidades da época", lembra.

Olhar para o passado pode evitar a repetição de erros. Newton Viana viu grandes monumentos de Belo Horizonte serem construídos. A Igreja da Pampulha, de Niemeyer, já está cheia de rachaduras. Ele espera que no futuro ela não vire apenas uma foto histórica.

"A memória está nos documentos, está nos livros, está, principalmente, nas obras - tem que ser preservado", conclui o Newton Viana.

 

 

Segunda-feira, 10 de novembro de 2003

INSS volta a pagar aposentados e pensionista mas o recadastramento continua 

O INSS começou a pagar nesta segunda-feira os benefícios que tinham sido bloqueados na semana passada para aposentados e pensionistas de mais de 90 anos.

São R$ 36 milhões para o pagamento de 105 mil idosos. Até o fim do ano, todos precisam se recadastrar para continuar recebendo os benefícios. No caso de o aposentado ou pensionista não poder ir à agência, a previdência irá até ele. Para isso, é preciso que um procurador nomeado pelo idoso informe o INSS desta necessidade.

 

 

Terça-feira, 11 de novembro de 2003

Berzoini se desculpa mais uma vez e avisa que não há prazo para recadastramento 

O Ministério da Previdência anunciou nesta terça que não há mais prazo para o recadastramento dos aposentados com mais de 90 anos. Em uma reunião com deputados, em Brasília, o ministro Ricardo Berzoini disse que o combate às fraudes vai continuar e, mais uma vez, se desculpou pelo bloqueio dos pagamentos.

O ministro da Previdência chegou cedo ao Rio para se encontrar com representantes de organizações de defesa dos idosos. Ricardo Berzoini anunciou a criação de conselhos consultivos regionais, com a participação dos aposentados, para ajudar nas decisões da Previdência.

Segundo Berzoini, cinco mil aposentados com mais de 90 anos se recadastraram na semana passada. Apenas 29 casos de fraude foram identificados. O ministro disse que os aposentados não precisam se apressar porque não há prazo para o fim do recadastramento.

"Nós vamos trabalhar para evitar desconforto, para viabilizar que as pessoas sejam recadastradas onde estão. Aqueles que puderem voluntariamente comparecer ajudam, mas evidentemente poderão ligar e dizer: 'Olha eu quero que alguém compareça aqui e não posso me locomover até uma agência da Previdência'", explicou o ministro.

O INSS informou que os aposentados podem agendar as visitas pelo telefone 0800 78 01 91. A ligação é gratuita.

À tarde, em Brasília, o ministro foi à Câmara dos Deputados e disse que o cruzamento de dados de várias fontes revelou que 20,7 mil benefícios estavam sendo pagos em nome de segurados já falecidos. Um prejuízo mensal de R$ 6,7 milhões.

Durante a audiência, a oposição chegou a elogiar o ministro. Mas ele foi duramente questionado por correligionários do PT e deputados do PC do B.

Mais uma vez, Berzoini se desculpou publicamente pelo bloqueio dos pagamentos.

"Erro foi cometido, erros outros poderão ser cometidos - mas como eu digo aos meus filhos: é bom pedir desculpas, melhor ainda evitar o erro. Portanto, se a gente não tivesse errado não precisava das desculpas. A desculpa não basta, é um ato formal, político, uma declaração pública - melhor do que isso é compensar a sociedade com o aprofundamento do trabalho que está sendo feito", discursou o ministro.

As filas dos aposentados e pensionistas nesta terça se transferiram dos postos do INSS para os prédios da Justiça Federal, em todo o país. No Rio, mais de três mil pessoas foram atendidas.

A procura é por que milhares de aposentados teriam direito a receber pagamentos atrasados, por um erro de cálculo da Previdência. A Justiça do Rio organizou um esquema especial para receber tanta gente.

O primeiro passo é a informação: "Eu vou ver se eu tenho direito a alguma coisa, né?", indaga-se uma aposentada.

Só quem se aposentou por tempo de serviço, entre março de 1994 e janeiro de 1997, tem direito a reivindicar os atrasados na Justiça. Mas segundo um levantamento feito nos últimos dias, 80% das pessoas que enfrentaram essas filas perderam tempo: não se enquadravam entre os que poderiam receber os atrasados.