FUNK: A CULTURA LIXO-DESCARTÁVEL BRAZILEIRA PARA 2001
14 de Março de 2001

Todo ano o enredo se repete. A mídia brazileiresca cria, artificialmente, um novo modismo para, desta forma, dar prosseguimento ao seu permanente trabalho de desestruturação sócio-econômico e cultural da sociedade. Para o ano de 2001 foi escolhido o funk. Criado nos morros cariocas, em meio às brigas de gangues e grupos de traficantes, o funk traz um novo item: a violência físico-sexual explícita tornou-se... pasmem... dança e canção... tornou-se a cultura brazileiresca.

A até poucos meses atrás a mídia brazileira apresentava o funk como um problema social, cujos bailes eram marcados por intermináveis brigas grupais. Mas então esta mídia percebeu que poderia utilizar esta dança violenta como "ferramenta" para desarticular a organização social e cultural da sociedade e, além disso, poderia lucrar muito dinheiro com mais este lixo descartável. Basta ver que a gravadora Som Livre, de propriedade do Roberto Marinho, dono da mente dos brazileiros, é uma das que mais fatura com este funk.

As perversas conseqüências desta cultura lixo-descartável pouco ou nenhum espaço recebe desta mídia brazileira, mas em outros países os absurdos já ganham espaço.

A rede estadunidense CNN divulgou, no dia 10 de Março, uma demolidora e preocupante reportagem a respeito dos excessos sexuais que ocorrem nos bailes funks.

Segundo declararam, para a rede estadunidense, diversos jovens freqüentadores, a chamada dança do sexo se converteu em um passo de dança a mais no qual garotas e homens mantêm relações sexuais enquanto dançam em fila indiana ou quando as meninas se sentam nos joelhos dos rapazes.

Algumas delas recebem por esta exibição cerca de 100 reais (50 dólares), conforme declararam alguns seguranças e cantores à France Presse, afirmando que já chegaram a ter relações sexuais com "quatro ou cinco mulheres na mesma noite".

Segundo as mesmas fontes, "os jovens têm relações em qualquer lugar e de qualquer maneira".

"Já vi meninas que entram no banheiro com três ou quatro homens, meninas dançando nuas no palco", assinalou um segurança. A idade dos freqüentadores oscila entre 13 e 25 anos.

Na sexta-feira, 09 de  Março, as médicos do Rio de Janeiro confirmaram que uma menina de 14 anos estava grávida e tinha sido infectada com o vírus da Aids na dança do sexo.

Para alguns médicos, as adolescentes, a maioria das quais provém de bairros pobres da cidade, se descontrolam com as letras das músicas e com o ambiente e, sem usar roupas íntimas e muito menos preservativos, engravidam sem saber sequer quem é o pai do bebê.

Do outro lado do Atlântico, em Portugal, o Jornal de Notícias de 11 de Março, comenta que as emissoras de TV brasileiras "estão expondo desenfreadamente a nova onda musical chamada de funk carioca".

São refrões de 'tigrão' e 'popozuda', coreografias próprias, rebolado repetido até a exaustão, frases do tipo 'um tapinha não dói, 'dança da motinha', 'cachorras' ou 'tá tudo dominado'.

Figuras até há pouco tempo desconhecidas, como MC Naldinho & Bella, MC Galo, MC Cacau e Bonde do Tigrão, preenchem por completo programas como 'Planeta Xuxa' (da Globo), 'Mulheres' (Gazeta) ou 'É Show' (Record). O 'Superpop', da Rede TV!, criou, inclusive, uma edição especial totalmente dedicada a este "estilo musical".

Na internet circula mensagem contendo um trecho da música "Máquina de Sexo", que diz: "Máquina de sexo, eu  transo igual a um animal/A Chatuba de Mesquita do bonde do sexo anal/Chatuba come cú e depois come xereca/Ranca cabaço, é o bonde dos careca".

Em outra música, dedicada as crianças, o garoto Jonathan, de 7 anos foi incentivado a gravar o funk "Jonathan II", de edificante letra: "De segunda a sexta, esporro na escola/Sábado e domingo, eu solto pipa e jogo bola/Mas eu já estou crescendo com muita emoção/E eu já vou pegar um filé com popozão".

Inegavelmente o funk é um fiel retrato do Brazil e da cultura lixo-descartável brazileiresca.

Alguém é capaz de imaginar qual será a cultura lixo-descartável brazileira para o ano de 2002?