11 DE SETEMBRO, DROGAS, PETRÓLEO E A NOVA GUERRA
11 de Março de 2002

Engana-se quem pensa que os EUA atacaram o Afeganistão em busca de Osama Bin Laden, acusado, sem provas, de ser o mentor dos ataques de 11 de Setembro de 2001. Novamente a história é escrita pelos detentores da mídia. A realidade é muito diferente.

O mercado mundial de drogas, até aproximadamente 1995, movimentava anualmente, em todo o planeta, o mesmo montante da indústria automobilística, algo próximo de um trilhão de dólares. A partir meados da década de 1990, com a veiculação ininterrupta de formidáveis campanhas publicitárias - bancadas, quase sempre, com verbas públicas - para a venda de, digo, "contra" as drogas, principalmente na televisão, o "mercado" se expandiu dramaticamente. Campanhas coibindo o uso de drogas lícitas, de menor lucratividade ou não controladas pelas pessoas escolhidas, notadamente o tabaco, e o abrandamento das leis sobre o uso de drogas também incentivaram na migração de novos "clientes". Como resultado, na virada do milênio as drogas já movimentavam dois trilhões de dólares anuais, ou seja, o dobro da indústria automobilística e o triplo da indústria de armas, tornando-se, disparado, o negócio mais lucrativo do planeta. E não se pode esquecer que a lucratividade no comércio de drogas é de até 97% do preço final de venda.

Os EUA são, de longe, os maiores produtores e consumidores de drogas. A maconha consumida nos EUA é 100% produzida lá mesmo, mas a cocaína e a heróina não. Apesar dos grandes esforços para aclimatar as plantas, das quais se produz a cocaína e a heroína, às condições lá existentes, não lograram o mesmo êxito obtido com a maconha. Assim, a cocaína consumida pelos estadunidenses é originária, principalmente, da América Latina, enquanto a heoína é oriunda do - tcham, tcham, tcham - do Afeganistão. Sob o governo Taleban o plantio de papoulas, imprescindíveis na produção da heroína,  foi praticamente erradicado. Agora, sob governo pró-EUA, ou melhor, sub-EUA, o plantio já está sendo, digamos, "normalizado".

Reestabelecer o fornecimento de herína é, portanto, o principal objetivo econômico de curto-prazo do ataque ao Afeganistão.

 

A busca por novos fornecedores de petróleo é a motivação de cunho estratégico. Embora a mídia não divulgue, as reservas de petróleo dos EUA são suficientes para apenas 4 anos de consumo, o que é uma situação extremamente crítica, pois gera a total dependência do petróleo importado. Uma grande parte deste petróleo é atualmente fornecida pelos países árabes, o que é ainda mais crítico.

Uma das grandes reservas mundiais, inexploradas, de petróleo situa-se no entorno do Mar Cáspio, mas para que este petróleo chegue aos EUA é necessário transportá-lo até o Oceano Índico através de oleodutos, de onde pode seguir em navios petroleiros. A implantação destes oleodutos, para que haja viabilidade econômica e boas condições técnicas, deve ser feita através do território do... sim, do Afeganistão.

A substituição do petróleo árabe por outras fontes é uma das prioridades estadunidenses. Dentre estas outras fontes estão a Colômbia (talvez isso ajude a entender o famigerado "Plano Colômbia") e a Venezuela, onde o governo do nacionalista Hugo Chaves está sendo desestabilizado pela CIA e os asseclas estadunidenses.

A urgência na substituição do petróleo árabe é muito fácil de entender. Os EUA e Israel estão se preparando para uma guerra em larga escala contra os países árabes. Dentre os preparativos, além da substituição do petróleo árabe, que obviamente terá o seu fornecimento suspenso quando o conflito se iniciar, está o aumento, até o ano de 2008, de quarenta vezes na ajuda militar anual para Israel. Notícia divulgada recentemente de que os EUA vão desenvolver (na verdade já possuem) novas armas nucleares, do tipo "light", para utilizar em campos de batalha, indicam a magnitude dos preparativos para esta guerra que, provavelmente, ocorrerá entre 2005 e 2010.

 

Os eventos de 11 de setembro forneceram o pretexto necessário para a intervenção no Afreganistão, passo crucial na preparação para o cenário futuro. Além do interesse nas drogas e no petróleo, a colocação de um governo vassalo, no autêntico estilo latino-americano, permitirá, aos estadunidenses, a instalação de uma grande base militar, estratégica no provável conflito.

Osama Bin Laden jamais será capturado, ou, se for, é porque os EUA não mais precisam de tal pretexto para justificar o ataque e a permanência no Afeganistão. Algum dia, talvez, os livros de história tragam a verdade sobre os eventos de 11 de setembro, quem os provocou e suas verdadeiras intenções... Talvez.