 08/Maio/2004
"Bebedeira" de Lula vira preocupação nacional
Por Larry Rohter
BRASÍLIA, Brasil - Luiz Inácio Lula da Silva nunca
escondeu que gosta de um copo de cerveja, uísque ou, ainda melhor, um pouco de
cachaça, a potente bebida derivada da cana de açúcar. Mas alguns de seus
compatriotas começam a imaginar se a predileção do presidente por bebidas fortes
está afetando sua performance no cargo.
 Lula:
o presidente "barril", serviçal da Globo,
banqueiros e governo estadunidense, passa seus dias
embriagado
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Nos últimos meses, o governo esquerdista de Lula
foi atingido por uma crise após a outra, de um escândalo de corrupção ao
fracasso de importantes programas sociais. O presidente freqüentemente ficou
fora da visão pública e deixou seus assessores cuidarem das dificuldades.
Isso criou especulações de que seu aparente desligamento e passividade
podem, de alguma forma, estar relacionados ao seu apetite pelo álcool. Seus
defensores, entretanto, negam relatos de problemas com bebidas.
Apesar
de líderes políticos e jornalistas cada vez mais falarem entre si sobre o
consumo alcoólico presidente, poucos estão dispostos a expressarem suas dúvidas
em público ou no papel.
Uma exceção é Leonel Brizola, o líder do Partido
Democrático Trabalhista (PDT), que foi o vice-presidente de Lula na eleição de
1998, mas agora teme que o presidente esteja "destruindo os neurônios de seu
cérebro".
"Quando eu fui o candidato para a vice-presidência de Lula,
ele bebia muito", afirmou Brizola, agora um crítico do governo, em um recente
discurso. "Eu o alertei sobre o perigo das bebidas destiladas. Mas ele não me
ouvia e, segundo várias pessoas, ele continua a beber".
Além de Brizola,
líderes políticos e a mídia parecem preferir lidar com insinuações, mas ainda
assim sempre com algum tipo de tempero.
Sempre que possível, a mídia
brasileira publica fotos do presidente com os olhos embaçados ou o rosto
avermelhado, e constantemente faz referências a churrascos de final de semana na
residência presidencial, nos quais a bebida corre solta, e a eventos estaduais,
nos quais Lula parece nunca estar sem uma bebida nas mãos.
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