VEM AÍ... A CENSURA E A VIGILÂNCIA NA INTERNET
29 de Maio de 2000

 

Já há mais de um ano que a mídia mundial, e especialmente a brasileira, preparam a população para que aceite a censura e vigilância que em breve será implantada na internet. Nas últimas semanas a campanha se intensificou, indicando que em breve um número infindável de leis e restrições a respeito da internet serão impostas à sociedade sem que esta se dê conta da gravidade do acontecimento. Os meios para a vigilância também estão em fase adiantada de implantação, mas em sigilo.

Pode parecer impossível, em uma primeira análise, mas antes do fim tudo estará claro.

A liberdade e direito de qualquer pessoa, por mais humilde e desconhecida que seja, se expressar na internet com grande intensidade e repercussão, começou a preocupar aqueles que detêm o oligopólio dos meios de comunicações (comunicações de massa - rádio, TV, jornais, etc. - e comunicações pessoa à pessoa - telefone, etc.) a nível mundial. Assim que a internet, recentemente, saiu dos meios acadêmicos, acelerou a sua expansão e demonstrou ser um caminho sem volta, o grupo restritíssimo que detêm este oligopólio (façamos justiça, detêm este e muitos outros oligopólios) logo percebeu que, para manter a hegemonia na área de comunicações, teria que controlar também a Grande Rede.

Esta hegemonia, para este grupo, precisa ser mantida por três motivos básicos:

  • Para evitar que "outros grupos" venham a controlar este novo meio de comunicação e assim passem a competir com os meios de comunicação tradicionais, por "eles" controlados, ou ameaçar os interesses que "eles" possuem;
  • Para aumentarem os seus lucros;
  • E, principalmente, para continuarem a controlar o conteúdo e as informações que chegam às grandes massas populacionais, pois, afinal, os verdadeiros fatos que se passam nos bastidores do poder precisam continuar restritos à poucos, assim como fatos históricos desconhecidos precisam continuar desconhecidos, e outros, tidos pela população como verdadeiros, não podem perder a credibilidade. É uma corrente de interesses interminável!

Há mais de um ano a imprensa começou a "noticiar" e "denunciar" (as aspas são absolutamente imprescindíveis) práticas de pedofilia na internet, era o início da grande manobra. Até aquela data poucos sabiam o que era pedofilia, sendo que esta palavra até então, estava ausente de vários dicionários. Hoje a palavra e o conceito de pedofilia estão amplamente difundidos.

Praticamente ninguém percebeu, mas esta campanha orquestrada e premeditada, foi deflagrada de forma simultânea a nível mundial. Mas logo em seguida deram um tropeço: autoridades belgas foram flagradas criando sitios (ou sites) de pedofilia para que a imprensa, depois, pudesse "encontrá-los" e "denunciar" que a rede estava impregnada de pedófilos. O fato foi rápida e facilmente abafado e poucos tomaram conhecimento, afinal, a imprensa também é controlada por este "grupo seleto" e só divulga o que está em conformidade com os interesses (inconfessáveis) que possuem.

A partir de então uma série de "denúncias de pedófilos" foi preparada e amplamente divulgada nos horários nobres das TVs para induzir a população a acreditar que a Internet é um local de depravados.

No final do ano de 1999, dentro da estratégia tramada de intensificação gradual das "denúncias" de crimes na Grande Rede, passaram a ser divulgados boatos sobre ações criminosas de hackers (especialistas em informática), que estariam utilizando seus conhecimentos para roubar senhas bancárias e outros atos afins. Estas denúncias foram rapidamente abandonadas pois a população começou a desconfiar da credibilidade e segurança das operações bancárias efetuadas via computador, o que contraria os interesses deste "grupo".

Logo foi criado um novo "conjunto de denúncias" e então iniciou-se uma verdadeira avalanche sobre venda de tóxicos através da Internet e vírus de computador.

Foram veiculadas grandes "reportagens" acerca de "home pages" sobre drogas. Os "jornalistas" puderam, então, mostrar que não é só no mundo real que conhecem os traficantes e o submundo do comércio de drogas, uma intimidade tão grande que, no Brasil, permite a estes "jornalistas" "taxar" os traficantes Márcio VP e Fernando Beira-mar de "Marcinho VP" e "Fernandinho Beira-mar".

Em suas "reportagens" estes "jornalistas" realmente informaram as pessoas sobre como funciona a venda de drogas via Internet, denunciaram endereços de sites, procedimentos de compra, preços, como é feita e quanto tempo demora a entrega, os nomes das drogas e os efeitos que provocam (afinal nem todos conhecem!), denunciaram também que alguns destes sites não cumprem com o combinado, ou seja, cobram e não entregam o "produto" e parece que até mandaram analisar a droga para verificar a qualidade "da mercadoria"... enfim, "denunciaram" tudo o que era necessário, afinal ESTES "jornalistas" primam para que as pessoas fiquem sempre "bem informadas"...

As "denúncias" sobre vírus de computador receberam mais "espaço" na "mídia" e serão comentadas aqui com um pouco mais de profundidade.

Nas últimas semanas a "grande mídia" "denunciou", até  à exaustão, o "perigo e prejuízo" que vários vírus estavam provocando. Coincidentemente estes vírus praticamente só afetavam o software de correio eletrônico Outlook, da Microsoft, empresa sócia da brasileira Rede Globo. É claro que este pequeno detalhe sobre o Outlook praticamente não foi divulgado, afinal coincidências existem...

O episódio do vírus "ILoveYou" (ou vírus do amor) é particularmente interessante, vamos relembrar algumas notícias a respeito divulgadas pela "grande mídia":

 

O vírus de computador  I love you se espalhou nesta quinta-feira. Os sistemas da Ford, em Londres, da Casa Branca e do Pentágono, nos EUA,  foram alguns dos sistemas afetados.

Fonte: Jornal Nacional, 04 de maio de 2000


Um jovem de 23 anos, morador de um bairro pobre de Manila, nas Filipinas, é o principal suspeito de ter criado o vírus do amor. O prejuízo pode chegar a US$ 2 bilhões..

Fonte: Jornal Nacional, 05 de maio de 2000


Foi preso Reomel Ramones, 27 anos, suspeito de disseminar o vírus do amor, que atingiu 45 milhões de computadores em 20 países. Ele foi preso em Manila, capital das Filipinas.

Fonte: Jornal Nacional, 08 de maio de 2000


Novo tipo do vírus do amor está atacando computadores de empresas americanas. O novo vírus é mais destrutivo do que o original, mas o ataque também é pelo do correio eletrônico.

Fonte: Jornal Nacional, 19 de maio de 2000

 

Os vírus de computador, para computadores do tipo PC, foram praticamente criados junto com o sistema operacional MS-DOS, da Microsoft, no início dos anos 80. Dezenas de milhares já foram criados, talvez mais de cem mil, é difícil saber... Os primeiros vírus eram realmente muito destrutivos, apagavam todo o conteúdo do disquete... sim, do disquete, pois os discos rígidos (ou HDs, ou winchesters, como queiram), devido ao elevado custo, só se difundiram bem depois...  Com o passar dos anos os vírus foram diminuindo a severidade dos danos causados, até chegar a este "vírus do amor", que não apaga nem destrói nada, limita-se, CASO SEJA ACIONADO PELO USUÁRIO, a se auto-enviar para todos os endereços eletrônicos registrados no Outlook da Microsoft. É difícil imaginar como um vírus tão banal, que no máximo causa um aborrecimento para quem acaba recebendo 10 ou 20 mensagens inúteis e iguais, pode causar um prejuízo de tantos bilhões de dólares em apenas um ou dois dias, como a "imprensa" brasileira e mundial divulgaram.

Mas não é nenhum pouco difícil entender porque tal vírus recebeu tanta "publicidade": para provocar pânico na população, uma população cada vez mais manipulada, ludibriada e incapaz de reconhecer a realidade e os verdadeiros perigos que a cerca. Com medo dos (desconhecidos) efeitos e supostos perigos deste vírus "super poderoso", conforme a "imprensa" o pintou, a sociedade corre para o lado oposto, onde o verdadeiro perigo à espera com sua grande e potente mandíbula aberta.

Mas ainda não citei o que torna este vírus particularmente interessante... já retomarei o assunto.

Vamos prosseguir na nossa análise... vejamos outra notícia:

                                   

FBI adverte sobre novo vírus na Internet

Washington - As autoridades federais norte-americanas confirmaram na noite de sexta-feira a existência de um novo vírus na Internet, tão perigoso quanto o "I love you", que se propaga por um dos sistemas operativos da Microsoft.

O FBI informou que o vírus chega por correio eletrônico com a mensagem de uma pessoa que procura emprego com o nome "Resume (Currículo) - Janet Simons". Uma vez aberta a mensagem, o vírus se propaga pelo diretório e apaga os arquivos. O FBI recomendou aos usuários que não abram a mensagem e a apaguem imediatamente.

A aparição do novo vírus havia sido notificada um pouco antes por um fabricante de antivírus de San Francisco, Califórnia, que revelou que já haviam sido afetadas várias companhias. O gerente de Produtos da Network Associates Inc., Sol Viveros, disse que o vírus é ativado quando se baixa um documento, que pode vir com vários títulos, como "resume.doc" ou "explorer.doc".

Fonte: Agência Estado, 27 de maio de 2000

 

Selecionei esta notícia por um único motivo: no caso do "vírus do amor", a "imprensa" não divulgou "quem" estava fazendo "o alerta". Este novo "alerta de vírus" (isso me lembra o pseudo-vírus "good times") está sendo feito pelo FBI estadunidense! É para que o "idiota do povo" (royalties para Noam Chomsky) "entenda" melhor que estes problemas na internet são realmente um "caso de polícia", aliás, uma ameaça "tão grande e perigosa" que requer a ação do temido FBI, quando na verdade é um problema tão importante quanto foi o "good times".

 

É no sistema de vigilância da Internet que está sendo montado, ou melhor, aperfeiçoado e ampliado que o episódio do "vírus do amor" é particularmente revelador. De tão óbvio ninguém consegue ver.

Vamos lá... a "notícia" divulgando a identificação do autor do "vírus do amor" foi liberada apenas 24 horas após o anúncio da existência do próprio do vírus! A "notícia" da brasileira Rede Globo não deixa dúvidas quanto a isso, pois cita: "o vírus de computador ILoveYou se espalhou nesta quinta-feira (04 de maio)...". No dia seguinte (05 de maio) a mesma emissora de TV já divulgava a identificação do "suspeito", citando a idade, a cidade e o bairro em que este  "suspeito" se encontrava... ou seja, já sabiam quem era, o que foi divulgado em seguida, no dia 08 de maio.

Incrível! Fenomenal! Extraordinário! Fabuloso! Nem tenho palavras... Mas a super-hiper-mega-giga eficiente sabe-se-lá-quem identificou a "origem" do vírus em apenas 24 horas! (Note que não foi divulgado qual foi a "organização" que "identificou" o criador do vírus... )

Pouco importava que, nas palavras da própria "imprensa", existissem milhões, talvez bilhões ou mais cópias do vírus, ou seja, de mensagens idênticas, circulando em todas as direções da internet! Esta "organização anônima super capaz" conseguiu identificar a origem e o criador do vírus em apenas 24 horas!

Qualquer pessoa com um pouco mais de conhecimento e vivência em internet sabe das dificuldades colossais em identificar a origem de uma mensagem, sobretudo se existirem "zilhões" de cópias idênticas circulando, de tal forma que só existem duas formas de tal "fenômeno" ser possível:

  • Foi tudo uma grande armação, com o propósito de criar pânico e "convencer" a sociedade da necessidade de "leis duras" para combater estes "criminosos da internet";
  • Já existe, de fato, um sistema de vigilância e controle das comunicações eletrônicas de proporções mundiais e que permitiu a identificação da "ameaça". Neste caso o pobre coitado das Filipinas é, individualmente, a maior vítima do episódio. Este sistema seria o "Echelon", criado pelos estadunidenses com a participação de outros países e que está atualmente sob investigação pelo Parlamento Europeu.

Em nenhum momento foi divulgado "como" que se chegou ao autor do vírus. Apenas vários dias depois foi divulgada uma versão pela qual o vírus teria sido criado em um trabalho escolar, induzindo as pessoas a entenderem que o "aluno" teria sido delatado, mas sem afirmar isso em nenhum momento (a "imprensa" é muito hábil nestas sugestões subliminares...). Só o fato de tal versão ter sido divulgada, novamente, a nível mundial a torna sem qualquer credibilidade, pois é evidente que foi divulgada para "saciar" a curiosidade de alguns e as perguntas dos mais atentos, que já começavam a questionar como a identificação tinha sido possível em tão pouco tempo.

Além disso, se o "aluno" possuia capacidade e conhecimento para criar um vírus com certeza conseguiria ocultar a sua verdadeira identidade, algo muito mais fácil... exceto se o mesmo foi rastreado por algum sistema de vigilância realmente de porte mundial.

A hipótese do sistema de vigilância é reforçada pelo fato de uma jovem da Europa (da Suécia, salvo engano meu) ter sido considerada suspeita de criar o "vírus do amor", tendo sido acusada logo em seguida de intencionalmente redistribuir o tal vírus. Quanta incoerência! Como esta "entidade anônima", que coordenou a divulgação do alerta a nível mundial, conseguiu distinguir se esta jovem estava agindo intencionalmente ou se era o vírus que estava se auto-redistribuído?

Eu poderia continuar a discorrer sobre o assunto... mas considero que o aspecto "vírus de computador", dentro da trágica fatalidade que se aproxima, já está sintetizado.

 

JÁ COMEÇOU...

Resta comentar como está sendo aprimorado e ampliado este sistema de vigilância. Pegarei o Brasil como exemplo, mas os fatos também são válidos para vários outros países.

Em meados de 1999 os membros brasileiros deste "grupo seleto", que ora deseja estender seus domínios para a Internet, reuniu-se, em um encontro que nem foi tão secreto assim... decidiram que o número de provedores de acesso à Internet seria reduzido de 500 (número existente na época) para apenas 10, isso até o final do ano 2000!

Como efetuar tal proeza era algo conhecido deste "grupo seleto", pois já estava sendo implantado em outros países. Então, no início do ano 2000 iniciaram-se os serviços dos "provedores de acesso gratuito".

Algumas pessoas acreditam que estes provedores gratuitos permitem que os usuários se conectem de maneira anônima... ledo engano... pois eles dispõe de todo o aparato tecnológico para monitorar as ações on-line de qualquer usuário e, através de identificadores de chamada, conseguem identificar o número do telefone e, por conseqüência, o nome do usuário. Mas cuidado, não são apenas os provedores gratuítos que utilizam identificadores de chamada, todos os grandes provedores pagos dispõe deste recurso.

 

No que se refere à legislação para punir os "criminosos e depravados" da Grande Rede, também já começou... veja:

 

Seminário discute problemas jurídicos criados pela Web  

Sites de pedofilia, produtos comprados pela Internet com defeito e roubo de senhas. Esses são apenas alguns dos problemas que nasceram com a rede mundial de computadores. Os problemas surgiram, mas as soluções ainda são procuradas.

Para discutir sobre questões jurídicas e apresentar meios de normatização na Web será realizado, no dia 29, o I Seminário Carioca de Direito e Internet, no Colégio Brasileiro de Cirurgiões, que conta com o apoio da Ordem dos Advogados (OAB-RJ) e patrocínio do Centro de Estudos Jurídicos (Iuris).

Uma das barreiras para o trabalho de advogados na Internet é a falta de leis que possibilitem enquadramento de crimes e a sua devida punição. O advogado Roberto Roland Júnior, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coordenador do seminário  cita... (continua)

 Fonte:  Tribuna da Imprensa, 15 de maio de 2000 (consultado na versão on-line do jornal)

 

Ciberterrorismo preocupa países industrializados  

PARIS - Os hackers (piratas da internet) podem matar através da rede amanhã? Esta é uma das perguntas da reunião inaugurada ontem, em Paris, sob os auspícios do G8. Os especialistas demonstram preocupação com o alcance do denominado "ciberterrorismo".

Na abertura da reunião dos sete países mais industrializados, representantes das principais empresas da Internet, e a Rússia, o ministro japonês das Relações Exteriores, Yohei Kono, não descartou que a "cibercriminalidade" possa atentar algum dia contra a vida humana.

As novas vias de criminalidade através da Internet poderiam "acarretar uma ameaça incomensurável à propriedade, à vida privada e à vida humana", disse Kono, em discurso lido por um membro da delegação nipônica aos outros participantes.

A diplomacia japonesa demonstra assim os temores das grandes potências quanto à existência de um "ciberterrorismo", que supere as barreiras de segurança e as transações comerciais na internet, o primeiro tema de debate nas conversações, ontem, em Paris.

Segundo Colin Rose, especialista em "cibercriminalidade" na empresa escocesa Buchanan International, trata-se da terceira grande ameaça... (continua)

 Fonte:  Tribuna da Imprensa, 16 de maio de 2000 (consultado na versão on-line do jornal)

 

 

Desde a primeira, digamos, "denúncia", este analista percebeu a manobra e passou a ficar atento aos acontecimentos.      

Estas "denúncias" sobre venda de tóxicos, pedofilia e outras que ainda virão são para que a população "se conscientize" de que a Internet é um local "perigoso", freqüentado por "depravados". As "denúncias" sobre vírus, são para provocar pânico nas pessoas, que assim "exigirão" leis para punir "estes crimes" e, é claro, os meios de vigilância necessários para que estes "criminosos" possam ser identificados. Ou seja, tudo o que "eles" querem...

A publicação deste artigo estava prevista apenas para o final do ano de 2000, mas optei por antecipá-lo para que as pessoas que ainda preservam a sua capacidade de raciocínio pudessem acompanhar com especial atenção os desdobramentos que ainda estão por vir...

"1984" é hoje!

Colaboração: TCHÊ DO PAMPA (analista do MIP)