BRAZILEIROS ACOMPANHAM
A ELEIÇÃO DO NOVO IMPERADOR 03 de Novembro de 2000
Desde o mês de Julho a imprensa brazileira
reserva grandes espaços para a "cobertura" das
eleições presidenciais estadunidenses. Espaço
tão grande que, não raras vezes, superou a cobertura
das próprias "eleições" brazileiras. Nas
últimas semanas ficou ainda mais berrante, os brazileiros
estão sendo contemplados com coberturas diárias e
matérias especiais em praticamente todos os grandes veículos
de comunicação. Nas teletelas, perdão, televisões
são exibidas várias matérias todos os dias,
nos "telejornais". Alguém já viu, na mídia
brazileira, cobertura similar sobre as eleições da
Argentina ou Uruguai, países próximos, ou qualquer
outra nação? Claro que não. Mas por que tal
tratamento "especial"? Elementar, mais que elementar:
o próximo presidente estadunidense também será
o próximo imperador do Brazil.
Vejamos as matérias de alguns jornais
(só de alguns), publicadas ontem (os links que as "notícias"
continuam foram removidos)...
FOLHA
DE SÃO PAULO (on-line) 02 de Novembro de 2000
Clinton entra
na campanha eleitoral para "salvar" democrata
France Presse |
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Esculturas de Bush (à esq.)
e Gore que serão expostas no museu
de cera Madame Tussaud em Londres |
CAMILO TOSCANO da Folha Online
O presidente
dos EUA, Bill Clinton, fará hoje uma viagem pela
Califórnia para participar de eventos da campanha
eleitoral do Partido Democrata. Faltando apenas cinco
dias para a realização das eleições
presidenciais no país, Clinton busca fortalecer
o candidato de seu partido e atual vice-presidente dos
EUA, Al Gore. A Califórnia é
o Estado de maior peso político do país.
Isso significa que o candidato mais votado nesse Estado
conquista 54 votos no
colégio
eleitoral dos EUA. Já uma vitória no segundo
Estado de maior peso (Nova York) vale 33 votos.
Tradicionalmente o Estado da Califórnia
tem um eleitorado de orientação mais democrata
que republicana. Entretanto, Gore vem apresentando tendência
de queda nas pesquisas de intenção de
voto nesse colégio eleitoral. A visita de Clinton,
portanto, deve sustentar a atual posição
de liderança de Gore no Estado. O presidente
dos EUA visitará cidades importantes como Los
Angeles, Oakland, San Francisco e San José. Será
a primeira vez que Clinton participará da campanha
de rua de Gore, já que, até então,
ele demonstrou mais empenho em participar de eventos
fechados programados para a arrecadação
de fundos. Segundo as últimas pesquisas
de opinião, o candidato republicano George W.
Bush aparece em primeiro lugar. Na pesquisa da CNN/"USA
Today"/Gallup, Bush tem 48% contra 43% de Gore;
no levantamento da Zogby/"Reuters"/MSNBC,
o republicano tem 46% e o democrata 41%. Parte das informações
são das agências internacionais.
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JORNAL
DO BRASIL
Quinta-feira,
2 de novembro de 2000
Bush e Gore na reta final
Eleitor indeciso de 15 estados indicará
o próximo inquilino da Casa Branca
Foto de AFP
WASHINGTON -
Os dois principais candidatos à presidência
dos Estados Unidos iniciaram ontem uma desenfreada corrida
final pelos estados com maioria de eleitores ainda indecisos,
os quais podem, à última hora, decidir
quem será o vencedor das eleições
do dia 7 de novembro.
Enquanto o republicano George Bush
levava sua mensagem a Minnesota e Iowa, o democrata
Al Gore redobrou os esforços para ganhar Pensilvânia
e Flórida, este último um estado em que,
há alguns meses, ninguém pensava que os
democratas pudessem ganhar.
Sem descanso, os candidatos dedicam
a última etapa da campanha a 15 estados que,
segundo as pesquisas, decidirão qual será
o vencedor na próxima terça-feira, dia
em que os Estados Unidos elegem o presidente da República,
renovam toda a Câmara dos Deputados e um terço
do Senado. Os estados mais problemáticos, agora,
são Flórida, Pensilvânia, Ohio,
Michigan, Minnesota, Missouri, Tennesse e Washington.
Segundo o estrategista republicano Ed Rollins, Flórida,
com 25 votos eleitorais, Pensilvânia, com 23,
Ohio, 21, e Michigan, 18, são os que apontarão
o vencedor.
"Estamos à frente em Michigan
e em recuperação na Flórida",
disse Rollins, para quem as pesquisas em nível
nacional, que apontam uma ligeira vantagem para Bush,
mostram que o candidato republicano tem seu melhor momento
na campanha.
Otimismo -
"Vamos ganhar na Flórida", disse ontem,
por sua vez, o vice-presidente Al Gore na cidade de
Kissimmee, durante uma reunião política
em que ressaltou o propósito de reforçar
seu programa de seguridade social.
"A frase favorita de meu opositor
é vocês ainda não viram nada.
Ele tem razão, pois depois de quase oito anos
de governo nós de fato nada vimos", disse
Bush, para quem a prosperidade econômica dos Estados
Unidos deve ser atribuída aos cidadãos,
não ao governo.
Os republicanos não ganham
os 10 votos eleitorais de Minnesota desde 1972. "Se
tivessem comentado comigo há um ano e meio que
estaríamos nesta semana em Minnesota eu pensaria
que era uma loucura", disse a diretora de comunicações
da campanha de Bush, Karen Hughes.
"Vamos decidir quem será
o vencedor", proclamou o governador de Michigan,
o republicano John Engler, confiando em que o alto número
de eleitores independentes de seu estado dará
vitória a Bush, embora Gore esteja à frente
nas intenções de voto.
Possibilidades - Ante a força de Gore nos estados
maiores, como Califórnia (54 votos) e Nova Iorque
(33), há analistas que não descartam a
possibilidade de Bush ganhar o sufrágio popular
em até 30 estados, e mesmo assim os democratas
manterem o controle da Casa Branca.
Gore terá que superar também
a ameaça apresentada em seis estados - entre
os quais Michigan, Minnesota, Washington e Oregon -
pelo candidato do Partido Verde, Ralph Nader, que pode
marcar a diferença em várias disputas
no nível estadual, e retirar do pretendente democrata
os votos necessários para infligir uma derrota
a Bush.
Pesquisas apontam empate técnico
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DIÁRIO
CATARINENSE 02 de Novembro de 2000
ELEIÇÕES
AMERICANAS George Bush mantém liderança
Vantagem
do republicano sobre democrata Al Gore não permite
prever vitória
WASHINGTON
O
republicano George W. Bush lidera as pesquisas à
frente do democrata Al Gore, mas sua vantagem é
tão estreita que a incerteza quanto ao desenlace
final da luta pela Casa Branca se mantém intacta
a seis dias das eleições. Os dois candidatos,
que multiplicam esforços para conseguir uma vantagem
decisiva na reta final da campanha, percorrem todos
os Estados Unidos, concentrando-se em particular nos
redutos de seu adversário.
A
estreita margem entre Bush e Gore - sem precedentes
há 40 anos nesta altura da campanha - parece
entretanto aumentar em benefício do candidato
republicano.Segundo pesquisa da MSNBC, com margem de
erro de 3%, Bush recebe 46% das intenções
de voto contra 41% para Gore. O governador do Texas
supera em apenas dois pontos seu adversário democrata,
48 a 46% de intenções de voto, segundo
pesquisa do Washington Post e ABC com margem de erro
de 3%.
Uma
terceira pesquisa da CNN/USA Today, com margem de erro
de 2%, dá vantagem de 3 pontos ao candidato republicano,
com 47% contra 44% para o democrata.
Impulsionado
pelas pesquisas, Bush fez campanha ontem em Minnesota,
e Gore foi para a Flórida. |
O
ESTADO DE SÃO PAULO 02 de Novembro de 2000
Bush
avança, mas analistas evitam previsões
Especialista
ouvido pelo `Estado' acha, porém, que Gore
ainda tem mais chances de vencer
PAULO
SOTERO
- Correspondente
- WASHINGTON
- O candidato republicano George W. Bush ampliou
ligeiramente sua vantagem sobre o rival democrata
Albert Gore nas duas pesquisas de opinião
tidas como as mais estáveis pelos especialistas.
- Faltando
cinco dias para o pleito, o resultado de 45% a 42%
em favor de Bush aumentou para 46% a 41%, segundo
a Reuters/Zogby. O candidato do Partido Verde, Ralph
Nader, que tira votos de Gore, aparecia ontem com
os 5% que precisa cravar para ter direito a fundos
federais nas próximaseleições.
Dois outros postulantes nanicos dividiam 1% e os
indecisos estavam permaneciam em 7%. Na pesquisa
do Washington Post, Bush também ampliou sua
vantagem sobre Gore em 1 ponto pocentual.
- Apesar
de os sinais serem favoráveis a Bush, nenhum
analista de peso arriscava até ontem prever
o desfecho da briga pela Casa Branca. E é
pouco provável que isso se altere. "As
pesquisas não significam muito", disse
ao Estado Thomas E. Mann, especialista da Fundação
Brookings, notando que a margem de erro de todas
elas, geralmente de 3,5% a 4%, deve ser dobrada,
pois aplica-se separadamente a cada um dos dois
principais candidatos. "Não vejo utilidade
em acompanhar as pesquisas a essa altura",
disse Mann.
- "A
maneira mais segura de ver essas eleições
é dar uma passo atrás e perguntar-se
se os americanos estão prontos a inovar e,
pela primeira vez na história do país,
eleger o partido de oposição para
a Casa Branca durante um periodo de prosperidade
econômica, especialmente tendo em vista que
o partido no poder está bem posicionado tanto
ideologicamente, no centro do espectro político,
como em relação às questões
específicas que mais interessam à
maioria dos eleitores, como saúde, educação,
previdência social e o direito de escolha
(ao aborto legal)."
- Mann reconhece
que Bush foi melhor na campanha do que Gore. "Mas
continuo a acreditar que o vice-presidente tem as
maiores chances de vitória, embora tenha
hoje menos confiança nesse prognóstico
do que já tive", disse. As estimativas
sobre a distribuição dos votos do
colégio eleitoral continuavam a mostrar ontem
a possibilidade de uma vitória de Gore. De
acordo com um levantamento da agência Reuters,
o governador do Texas tinha 217 e o vice-presidente
207 do mínimo de 270 votos eleitorais necessários
para a eleição. Mas nos Estados que
têm os restantes dos 114 votos em jogo e onde
a disputa continuava indefinida, Gore parece ter
mais chances. Os votos do colégio eleitoral
refletem o tamanho da representação
dos dos 50 Estados dos EUA no Congresso e, com apenas
duas exceções - Maine e Nebraska -,
são dados ao vencedor da votação
popular em cada um deles. O itinerário que
Bush escolheu para os dias finais de sua campanha
sugerem que o candidato republicano sabe que está
mais distante de alcançar seu objetivo do
que sugerem as pesquisas. Depois de ter feito uma
investida na Califórnia, o Estado mais populoso
e importante dos EUA, onde a vantagem de Gore diminuiu,
mas não está em perigo, o governador
do Texas amanheceu ontem em Minnesota, que tem apenas
10 votos no colégio eleitoral e não
apóia um candidato republicano à Casa
Branca desde 1972. O objetivo de Bush é atrair
os eleitores independentes, que colocaram o ex-lutador
de luta livre Jesse Ventura no governo do Estado,
em 1998. Em três comícios no Estado,
ele martelou sua promessa de redução
de impostos aos trabalhadores.
- Em campanha
na Flórida, onde estão em jogo 25
votos do colégio eleitoral ( o quarto maior
prêmio, depois dos 54 da Califórnia,
dos 33 de Nova York e dos 32 do Texas), Gore voltou
a denunciar a inequidade da proposta de redução
de impostos de seu oponente, dizendo que 70% dos
benefícios da medida iriam para a faixa dos
1% de maior renda do país.
- A Flórida
deveria ser um Estado seguro para Bush, pois tradicionalmente
vota com os conservadores e é atualmente
governada por seu irmão, Jeb. Apesar das
dificuldades de Gore em Estados como Oregon e Washington,
onde Nader lhe rouba votos e pode dar a vitória
a Bush, o fato de o vice-presidente estar à
frente em Estados ricos em votos eleitorais, como
a Califórnia, Nova York, Flórida,
Nova Jersey, Illinois e Wisconsin leva um número
crescente de analistas a contemplar a possibilidade
de Bush vencer a votação popular,
mas perder a briga pelos votos do colégio
eleitoral - e a Casa Branca - para Gore.
|
O
GLOBO (ON-LINE) 02 de Novembro de 2000
Campanha pelo
voto útil
Ronald
Brownstein Do Los Angeles TimesMINNEAPOLIS
Temendo que o candidato
do Partido Verde, Ralph Nader, tire do vice-presidente
Al Gore votos de eleitores de esquerda em número
suficiente para favorecer o republicano George W. Bush
em meia dúzia de estados normalmente democratas,
líderes liberais e grupos diversos estão
fazendo um enorme esforço nacional para que os
eleitores de Nader apóiem Gore nas eleições
presidenciais americanas de terça-feira que vem.
Do senador Paul Wellstone
e da feminista Gloria Steinem a celebridades como o
ator Robert Redford, passando por grupos de defesa do
aborto, uma constelação de liberais está
organizando comícios, pondo anúncios em
rádio e TV e telefonando a eleitores para pedir
votos para Gore. Terça-feira, a poucos quarteirões
de onde Nader se reunia com o governador de Minnesota,
Jesse Ventura, ativistas liberais faziam um comício
para pedir aos eleitores de Nader que trocassem seu
voto.
Por um lado, os aliados
de Gore estão desafiando o argumento central
de Nader: de que não há diferença
significativa entre Gore e Bush em assuntos cruciais.
Por outro, lembram que o apoio ao verde pode acabar
resultando no retrocesso de causas que ele defende já
que, se Bush vencer, ganhará também o
direito de indicar três juízes da Suprema
Corte.
- Tenho um tremendo respeito
por Nader e concordo com ele em cada questão.
Mas seria uma terrível ironia votar nele e eleger
Bush presidente - disse Wellstone.
Pesquisas: ligeira vantagem
de Bush
Este esforço está
carregado de ironia, porque muitos dos que agora defendem
Gore têm estado entre os liberais mais descontentes
com o rumo para o centro tomado por Gore e pelo presidente
Bill Clinton.
- Os democratas estão
culpando Nader, mas ele não seria candidato se
não houvesse espaço à esquerda
- disse o senador Tom Hayden, que pede aos verdes votos
para Gore.
A curto prazo, os ataques
a Nader podem estar tendo o indesejado efeito de aumentar
a visibilidade dele.
As últimas pesquisas
indicam ligeira vantagem para Bush. Reuters/MSNBC: 46%
contra 41% (Nader teria 4%). "Washington Post"/ABC:
48% contra 46%. CNN/"USA Today": 47% contra
44%. Como a margem de erro é de 3%, a situação
é de empate técnico. |
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