PRESIDENTE DOS BRAZILEIROS
FALSIFICA A RENDA PARA ENCOBRIR DESASTRE ECONÔMICO
Comparou a renda per capita de 1995 com a de 1998 sem descontar inflação. Aumento foi não só irrisório como, em 1998, houve redução Por Sérgio Cruz
CONCENTRAÇÃO Segundo o próprio governo, isto é, o IBGE, o PIB per capita (que é o valor dos bens e serviços produzidos durante o ano dividido pelo número de habitantes) cresceu 2,76% em 1995; 1,25% em 1996; 1,88% em 1997; e diminuiu 1,11% em 1998 (dados fornecidos pela Diretoria de Pesquisas do Departamento de Contas Nacionais do IBGE). O crescimento acumulado no período, portanto, foi de meros 4,89%. Como, então, Fernando Henrique achou os 35,7% de aumento na renda per capita dos brasileiros - e, até mesmo, pasme, caro leitor, coisas como 76% de aumento da renda no Estado de Rondônia? No entanto, FH não teve a menor cerimônia em deitar falação sobre o cabalístico e espectral crescimento de 35,7 % na renda per capita do país desde que ele ocupou o Planalto. Que ninguém tenha visto nada disso, não lhe importa muito. Que se tenha visto exatamente o contrário, também não. Que mesmo o aumento de 4,89% seja um indicador de concentração e não de distribuição de renda - afinal, a renda per capita calculada entre o emir do Kuwait e um mendigo é estupidamente alta sem que para isso o mendigo deixe de ser mendigo -, também não. Afinal, a subserviência ao FMI e a Wall Street provocou a falência de milhares de empresas nacionais, o desemprego sem precedentes, um arrocho salarial implacável e uma perseguição ignominiosa aos aposentados e servidores públicos. Que renda é essa que teria aumentado 35,7% no país? A única renda que cresceu, e muito, neste período, foi a dos agiotas e dos especuladores estrangeiros, além dos membros da corriola fernandista. Esses, sim, se refastelaram como nunca com a orgia tucana. Mas para o resto da população o que houve mesmo foi arrocho, desemprego e muito aumento de impostos, nada mais.
FRAUDE Mas, continuando, de onde FH e os funcionários da Globo tiraram esse número cabalístico de 35,7 % de crescimento, quando até segundo os números do IBGE o aumento não passou de 4,89 %? Muito simples; a falsificação foi bem grosseira mesmo: omitindo a inflação do período. Fizeram o cálculo do aumento da renda per capita entre 1995 e 1998, sem descontar o que foi comido pela inflação, isto é, o que não existiu senão em termos meramente nominais - e por isso mesmo não serve para nada, exceto para vigaristas e oligofrênicos.
ESTELIONATÁRIO Ou seja, pensando que pode enganar a todos, o farsante fez o seguinte: se a renda per capita em 1995 era de R$ 4.160 e passou para R$ 5.648 em 1998, então o aumento - sem descontar a inflação - foi de R$ 1.488, isto é, de 35,7 %. Negócio de estelionatário dos mais primários e grosseiros, pois é evidente que os R$ 4.160 de 1995 não podem ser comparados com os R$ 5.648 de 1998 - e pela simples razão de que o valor do dinheiro se alterou entre 1995 e 1998, devido à inflação. Descontada esta, descobre-se que além de aumentar apenas 4,89%, a renda per capita até diminuiu no último dos anos, 1998, desse período (-1,11%). Aliás, continuou diminuindo no ano seguinte, 1999, em - 0,54%. (Isso, é claro, levando em consideração os números oficiais sobre a inflação que, como todos sabem, é manipulado ao extremo, com constantes alterações na metodologia de cálculo de modo a diminuir artificialmente o índice) Parece brincadeira. Mas não, é fraude mesmo. É verdade que das mais idiotas, pois facílima de descobrir. Ele simplesmente escondeu a inflação. Sumiu com ela para dar sustentação à demagogia montada junto com a Globo. No início do programa ele tinha dito que havia "uma sensação de que o governo não faz nada". Mas que não era verdade. Que ele está fazendo. E faz, sim. Mente, e muito, como todo psicopata. Mas cada vez de forma mais imbecil.
Fonte: Jornal Hora do Povo, 02 de Fevereiro de 2001. |