FILOSOFIA DE TRABALHO
DOS TELEJORNAIS DO BRAZIL
Em toda a América Latina, onde a influência
cultural estadunidense é muito importante, a orientação
seguida pelo telejornalismo é a seguinte:
- Silenciar ao máximo sobre questões
da política nacional que possam causar polêmicas
ou descontentamentos. Privilegiar, em contraposição,
os esportes, os cataclismas, crimes passionais, notícias
sensacionalistas, etc.;
- Dar maior espaço às notícias
internacionais, e dentro destas, muito mais às dos Estados
Unidos (cerca de 38%, em média);
- Transmitir os conteúdos das informações
de forma a conduzir muito mais ao conformismo do que à
reflexão. Divulga-se um volume incrível de dados
soltos em ritmo ultra-rápido, sem dar tempo para o exercício
de qualquer atividade mental mais profunda a seu respeito;
- Minimizar a importância de movimentos
populares, reações anti-imperialistas ou processos
revolucionários, ridicularizando-os, apresentando-os
como acidentais ou reinterpretando-os segundo uma ótica
desfavorável;
- "Etiquetar" ou rotular tendenciosamente
as pessoas envolvidas na política, conduzindo de antemão
a simpatias e antipatias conforme os interesses do agente da
divulgação;
- Utilizar grande volume de imagens que
dêem ao telespectador a convicção de que
o que se relata é verdadeiro. Porém as técnicas
de filmagem, montagem ou mixagem devem obedecer a determinada
orientação ideológica, mostrando apenas
a realidade em aspectos parciais. Naturalmente os mais favoráveis
àqueles que os transmitem;
- Dar poucas informações
a respeito do terceiro mundo, em geral dele se noticiando apenas
desastres, violências, catástrofes e exoticidades,
enquanto tentativas ou projetos de emancipação
do colonialismo, reações anti-imperialistas, revoluções
socialistas, desenvolvimento na ciência e tecnologia ou
eventos literários e artísticos mais importantes
são ignorados.
Fonte: "A invasão
cultural norte-americana", de Júlia Falivene Alves,
Editora Moderna, 1988. |