A INSTALAÇÃO DA FORD NA BAHIANOTÍCIAS VEICULADAS
PELA IMPRENSA NÃO ALINHADA COM OS "DONOS DO PODER"
SOBRE A INSTALAÇÃO DA MONTADORA DE VEÍCULOS
FORD NA BAHIA
O BODE E A FORD O governo nada mais fez do que usar neste episódio a técnica do bode. Pega-se um bode e põe-se na sala, quando os presentes reclamam que não agüentam mais a fedentina tira-se o bode e todos respiram aliviados. Pois foi isso que se fez. Anunciou-se um plano pelo qual, em dez anos, se doaria para a montadora perto de US$ 7 bilhões, muito mais que o custo da implantação da indústria. Quando todo mundo reclamou, até o tucano Mário Covas, o presidente finge que dá um soco na mesa e reduz a renúncia fiscal para algo em torno de US$ 1,2 bilhão no período de vigência da medida. Nessa segunda modalidade a renúncia cobre exatamente o custo de implantação da fábrica que é de pouco mais de US$ 1 bilhão como o BNDES dará um financiamento adicional de US$ 700 milhões que devem ser amortizados também em dez anos vê-se que o custo de implantação será financiado pelo empréstimo, que por sua vez será pago com a renúncia fiscal e a fábrica sai de graça. Isso tudo, sem contar com os incentivos que o governo baiano dará, é claro. Nessa bagunça toda pelo menos tem de se dar, pela primeira vez em muitos meses, parabéns ao governo Fernando Henrique por ter montado uma operação política bem sucedida. Bem sucedida para ele, que conseguiu iludir a opinião pública e passar uma imagem de autoridade, quando na verdade cedeu a tudo que Antônio Carlos e a Ford queriam. Compilado do Jornal Tribuna da Imprensa de 22 de Julho de 1999 (Jornalista Mauro Braga)
VERGONHA NA BAHIA Para que a Ford se instalasse em Camaçari, por pressão de ACM, tudo está sendo dado à montadora americana. O BNDES, por exemplo, foi forçado a praticamente doar R$ 1,3 bilhão para a instalação da fábrica, com juros de 2% ao ano, enquanto nós, pobres mortais, pagamos em qualquer crediário até 10% ao mês. Além disso, foram dadas isenções de impostos de importação, de IPI, de imposto de renda sobre o lucro que a montadora tiver, e mais doação do terreno para instalação com toda a infra-estrutura, sem se falar, é claro, que o regime automotivo para o Nordeste foi mudado para atender ao projeto da empresa. O impressionante nisto tudo é que nem
se pode condenar a montadora americana por isso. Que empresário
não aceitaria esses benefícios todos, dados de mão
beijada, se lhe caíssem no colo como está caindo para
a Ford? Tem de deixar bem claro que a montadora é uma sociedade
anônima que só tem compromisso com seus acionistas
e, por isso, procura maximizar seus lucros. Se nós lhe abrimos
as pernas, tanto melhor para eles. Compilado do Jornal Tribuna da Imprensa de 01 de Julho de 1999 (Jornalista Mauro Braga)
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