A TV GLOBO TENTA INTIMIDAR ASSIS PAIM
05 de Dezembro de 2000

Mas os culpados são Golbery e Laureano, e todos da máfia econômica da ditadura, vivíssimos

Por Hélio Fernandes

A TV Globo está publicando nos seus desinformadíssimos jornais matérias sobre o escandaloso caso Laureano-Golbery, montado pela ditadura para salvar a reputação do tenente-coronel Golbery e livrar da cadeia seu filho enriquecido.

Pouca gente conhece esse assunto como este repórter. Foi uma armadilha montada pela equipe econômica da época para comprometer o empresário Assis Paim, um homem que não fez outra coisa a vida toda a não ser trabalhar. E trabalhar intensamente, sem qualquer desvio, sem praticar a menor irregularidade.

O que aconteceu com o senhor Laureano (protegido de Golbery) aconteceria 20 anos depois com os filhos de Mendonça de Barros. Os filhos do ex-ministro de FHC não tinham a menor competência, não conheciam o mercado, mas viram "no apoio" do pai uma forma de enriquecimento rápido. Rápido não, rapidíssimo. Compraram então uma corretora que não estava nem entre as 200 maiores da bolsa. Em menos de 3 meses já estava entre as 5 mais importantes. Lógico, o pai alavancou tudo.

O sucesso foi tão grande que o próprio Mendonça de Barros chamou os filhos de gênios, e dizia: "Não posso impedir que os meninos trabalhem, eles nasceram para o mercado financeiro". Tinham a orientação do pai ministro e o exemplo do seu passado. Em 1989, Mendonça de Barros, um jogador nato e compulsivo (mas jogando com informações privilegiadas), quebrou a bolsa do Rio de Janeiro. Esta, que era a maior do País, desapareceu, há mais de 10 anos deixou de existir. E a fortuna de Mendonça de Barros cresceu de forma soberba.

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Sobre esse 1989 trágico, sobre Golbery, seu filho e o próprio Laureano, escrevi mais de 10 artigos, desvendei tudo, deixei Golbery, Laureano e toda a equipe econômica da época, comandada por Delfim, Langoni, e mais e mais, nuzinhos em praça pública. O advogado de Assis Paim me arrolou para depor, fui, naturalmente, e sem qualquer hesitação.

Meu depoimento durou 6 horas cravadas, foi na Rua Dom Manuel, onde funcionava a Vara de Falências. Com exceção de Delfim, todo o primeiro time da equipe econômica estava lá. Como gosto de fazer sempre, sem nada escrito, sem uma pausa, sem beber um gole d'água, desmontei e denunciei toda a farsa preparada para incriminar Assis Paim. Ficaram espantados que eu comecei o relato com um telefonema de Delfim Netto para Assis Paim, faltando 10 minutos para a meia-noite.

Assis Paim atendeu, quando disseram do outro lado "aqui fala o ministro Delfim Netto", ele desligou, irritado com "o trote". 1 minuto depois o telefone tocava novamente e a voz dizia: "Não desligue não, é o próprio ministro que está falando".

Era. Delfim deu as instruções a Assis Paim de forma autoritária e discricionária: "Vá agora mesmo ao Aeroporto Santos Dumont, um avião espera o senhor e vai trazê-lo para Brasília. No aeroporto daqui, uma pessoa e um automóvel esperam o senhor, estamos reunidos aqui no Banco Central". Chegou lá, estavam todos os poderosos senhores da máfia econômica e financeira do governo.

Ficaram estarrecidos quando eu contei os mínimos e desconhecidos detalhes da operação para livrar Golbery, o filho e Laureano. E os que disseram na época que "Assis Paim não precisava ter atendido" não sabiam das "atrocidades" praticadas pelos donos do Poder. Se não fosse, Assis Paim seria trucidado. Indo, foi trucidado do mesmo jeito.

Quando acabei de falar, o juiz, ironicamente, perguntou para o promotor e para os advogados de Delfim e do resto do grupo: "Quem quer responder primeiro ao jornalista Helio Fernandes"? O promotor foi incisivo: "Não tenho nada a perguntar, ele já disse tudo". Os advogados se valeram apenas de uma exclamação: "Deus me livre, queremos ir embora".

E o juiz, num gesto raro, levantou-se, apertou a mão do repórter-depoente e afirmou: "Inacreditável, jornalista. Se todos os depoimentos fossem assim, os processos terminariam muito mais rapidamente".

Apesar de tudo, não aconteceu coisa alguma, a carga contra Assis Paim ficou mais violenta. Os interesses eram colossais.

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Agora, sem que haja explicação pelo menos razoável, a TV Globo desenterra o assunto. E coloca a mistificação no Jornal Nacional, que já foi o carro-chefe do jornalismo da emissora e agora não passa de uma espécie de "Casa da Moeda". Estão precisando de dinheiro? É fácil. "Descobrem" casos que não atinjam os "amigos da casa", colocam no liquidificador da audiência e mandam seus "intermediários" tratarem do faturamento.

Só que no caso "enxergaram" muito mal. Assim Paim, nessa questão toda, é o único que não tem nada a temer. Cumpriu rigorosamente seus compromissos, vem pagando aos que tinham alguma coisa a receber, e até aos que não tinham. Como Assis Paim ficou apenas com as terras da Bocaina, que já eram de sua propriedade muito antes de ter sido escalado para ser a "vítima" oficial que iria salvar Golbery, devem ter ficado fascinados com a beleza, a extensão e a importância dessas terras.

Usaram como artifício (ou gancho, como se diz em linguagem jornalística) uma pretensa exploração de madeira na Serra (e nas terras) da Bocaina, e "puxaram" Assis Paim novamente para o centro dos acontecimentos. Ou o que eles pensam (?) que seja esse centro. A TV Globo "esqueceu" que Golbery, seu filho, Laureano, muita gente do governo da época estavam envolvidos nos seguintes crimes.

1 - Cheques sem fundos.

2 - Falsidade ideológica.

3 - Depositário infiel.

4 - Operação 61 inexistente.

5 - Posições no Selic sem lastro próprio. O Banco do Brasil, que era presidido por gente da máfia da "equipe", ia pagando todos os cheques sem fundos emitidos por Laureano e o filho de Golbery.

Assis Paim chegou a pedir a prisão do presidente do Banco do Brasil, mas não aconteceu nada a ele.

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PS - Revoltado, Assis Paim pede à TV Globo "o direito de resposta". Ha! Ha! Ha! A TV Globo nem se incomoda, só atenderá a Assis Paim se ele tiver fortes laços de família.

 

Fonte: Tribuna da Imprensa, 05 de Dezembro de 2000.