A REVOGAÇÃO DA
"LEI ÁUREA" ESTÁ PRÓXIMA
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"Governo quer mudar a Constituição e mexer na legislação trabalhista. A idéia é facilitar a contratação de trabalhadores por pequenas e micro empresas e que os acordos coletivos tenham força de lei." Também foi citado, de forma muito rápida, a "extinção de direitos trabalhistas como férias, 13° salário, carteira assinada, FGTS, aviso prévio e aumento da jornada de trabalho". Fonte: Jornal Nacional de 04 de Janeiro de 2000 |
Esta notícia curta e veiculada pela Rede Bobo de Televisão de forma rapidíssima, auxiliando assim para que poucos percebessem a gravidade do fato, seria cômica se não fosse vergonhosamente trágica. Somente o fato de ser aberta discussão sobre a extinção dos mais consagrados direitos conquistados pelos trabalhadores, como o limite máximo de horas para a jornada de trabalho, já é estarrecedor.
E "eles" ainda tem o despautério de afirmar que tudo isso é para aumentar o número de empregos. Que piada! Que piada! Este país (Brasil) definitivamente não é sério, aliás, nem é país. Onde é que já se viu aumento da jornada de trabalho gerar empregos? Quanta hipocrisia!
É muito fácil prever o que vai acontecer quando os "acordos coletivos" possuirem força de lei e não puderem ser contestados na justiça: os patrões irão impor as regras e condições às quais os trabalhadores terão que se submeter. Apoiados eficazmente por um exército de desempregados, os patrões estarão em condições de fazer todo o tipo de exigência. Os pobres desempregados além de sofrerem as graves consequências da falta de emprego ainda serão, aliás, já são, utilizados como massa de manobra do donos do poder.
Há vinte anos atrás os sindicatos (que são os representantes dos trabalhadores junto aos patrões) lutavam por melhores salários e condições de trabalho. Há dez anos atrás a luta era para manter os empregos. Hoje os sindicatos lutam para "diminuir o número de demitidos" por ocasião das demissões em massa promovidas pelas empresas. Quanto regresso!
AMERICANOS TRABALHAM ATÉ 12 HORAS POR DIA No trem, antes de chegar ao escritório, o americano já está trabalhando. O telefone celular, o fax, o computador, levam o trabalho a invadir o que, antes, era a vida particular. Hora extra, sem compensação, é rotina. Grátis pro patrão. Trabalha-se a qualquer hora do dia ou da noite. A economia global significa que há sempre alguém virando noite em algum continente", diz a economista Iris Goldfein. Os otimistas achavam que o americano trabalharia, no máximo, 20 horas por semana. Nas empresas é comum chegar às 7h e sair depois das 18h. O americano trabalha mais do que qualquer outro povo do mundo: 60 horas por semana - 1.966 horas por ano. Beth Warner, de 29 anos, trabalha 11 horas por dia. Ela está grávida de 9 meses. Viveu no Brasil, onde o pai era executivo de uma grande multinacional. No Brasil, meu pai trabalhava das 9 às 18h, com 2 horas no meio do dia para almoço, sesta ou até um joguinho de golfe, de vez em quando. Aqui em Nova York, o mundo é muito diferente: o dia começa às 7h, horário de almoço é 15 minutos e termina quando o dia terminar, pode ser 17h30, 18h, 19h. Não é que os americano sejam fanáticos por trabalho. Eles trabalham duro porquê não têm opção", diz o sociólogo Tom Juravich. Ele acha que o ritmo da economia americana pressiona o trabalhador a dar cada vez mais de si, sem direito a aumento. "os salários de hoje são iguais aos de 30 anos atrás". E o trabalho aumentou. Um casal, hoje, trabalha 185 horas a mais, por ano, do que no início dos anos 90. Tanto trabalho acaba sacrificando o tempo dedicado à família. Depois que o bebê nascer, Betty vai voltar ao escritório o mais rápido possível já que a licença não é remunerada. Fonte: Jornal Nacional de 08 de Janeiro de 2000 |
Esta segunda notícia é uma "pérola" do insaciável desejo da Rede Globo de agradar os donos do poder. Veiculada apenas 4 dias após o anúncio dos planos do governo brasileiro de extinguir os direitos dos trabalhadores, esta reportagem longa (em duração) e rica em imagens (na versão levada ao ar), bem ao gosto dos brasileiros, demonstra de forma inquestionável as intenções nefastas e os compromissos inconfessáveis desta emissora de TV e de toda a corja que a circunda.
Que importância tem para a Globo se dezenas de milhões de trabalhadores estão prestes a regredir 100 anos em conquistas sociais e trabalhistas? Absolutamente nenhuma.
Nesta reportagem, a Globo afirma que os norte-americanos trabalham 12 horas por dia, sem ganharem horas extras, sem direito à licença-gestante, com apenas 15 minutos livres para almoçar, onde o operário trabalha cada vez mais e assim mesmo fica feliz em ganhar o mesmo que se ganhava há 30 anos atrás, trabalhando atualmente mais horas que no passado e outras TOLICES CONCENTRADAS extraídas e colhidas de casos particulares de trabalhadores e que levam os telespectadores a interpretarem que esta é a regra quando na verdade é a excessão.
Com esta reportagem, estrategicamente veiculada 4 dias após o anúncio do fim dos direitos trabalhistas a Rede Globo de forma sublime, sutil, subliminar, induz os telebobos, perdão, telespectadores e trabalhadores a se posicionarem de forma favorável à perda dos direitos conquistados no passado, conquistados ao custo de muita luta, muito sacrifício e muitas vidas.
A que ponto esta "coisa" chamada Brasil chegou! Com atitudes como estas o Brasil envergonha a raça humana ao regredir tanto em tão pouco tempo.
A julgar pelo desenrolar dos acontecimentos, em 20 anos o Brasil REVOGARÁ A LEI ÁUREA, que pôs fim à escravidão negra e em 50 anos os brasileiros estarão morando em cavernas e vivendo da coleta de alimentos, exatamente como os antepassados humanos há dezenas de milhares de anos atrás... E o GRANDE IRMÃO DO NORTE jogará migalhas do que nos está sendo roubado no presente, migalhas que a Rede Globo preferirá chamar de ajuda.
RS