MANIPULANDO COM CINEMA
11 de Fevereiro de 2002

É muito interessante a forma como o cinema manipula a opinião pública mundial para que se torne simpática aos interesses estadunidenses e de seus controladores, mesmo que estes interesses sejam (e na maioria das vezes são) contra os interesses da própria população mundial.

No último fim-de-semana estreiou nos cinemas o filme "Efeito Colateral" (Collateral Damage), estrelado por Arnold Schwarzenegger (cujo nome, traduzido do inglês e alemão para o português, tem o pitoresco significado "Arnaldo Negropreto"), que faz o papel de um bombeiro que perdeu a família em um atentado, assumido por guerrilheiros colombianos, na cidade de Los Angeles. Na estória, ele é Gordon Brewer, que se cansa de esperar por justiça e resolve ir à caça, nas florestas sul-americanas, do terrorista colombiano chamado Claudio “El Lobo” Perrini, vivido por Cliff Curtis.


O filme Efeito Colateral visa obter o apoio da opinião
pública para ataque contra as FARC-EP colombianas

Não coincidentemente, quase que simultaneamente à estréia do filme, a CIA estadunidense divulgou a sua "lista negra" de alvos a serem atacados, encabeçada pelas FARC-EP, conforme noticiou o Correio do Povo:

CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 11 DE FEVEREIRO DE 2002

EUA inclui Farc na lista de possíveis alvos de ataque

Washington - As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foram colocadas no topo de uma lista da CIA de grupos terroristas que não têm ligações com a Al-Qaeda. Mesmo assim, podem ser futuros alvos dos EUA, por demonstrarem sentimentos contrários aos EUA. As Farc aparecem junto com organizações que operam no Líbano, na Palestina e na Turquia, consideradas uma ameaça aos interesses americanos na América Latina.

 

Em breve os EUA et caterva, aproveitando a onda de ódio (promovida pelo filme) contra as FARC-EP devido ao fictício atentado, estarão jogando as suas bombas contra aqueles que não aceitam a dominação yanque. Nada mais conveniente.


Cena do filme Pearl Harbor

Outro filme, ainda mais curioso, é "Pearl Harbor". Estreiou em meados de 2001 e trata do ataque japonês que colocou os EUA na Segunda Guerra Mundial. Neste caso foi um ataque "surpresa" (as aspas são indispensáveis), pelo ar (aéreo), em um ponto de concentração de recursos (militares), que matou 2 ou 3 mil pessoas, de efeito muito mais simbólico que prático, que deixou a opinião pública estadunidense chocada e favorável à retaliação militar, e que serviu de pretexto para que os estadunidenses atacassem militarmente todos os países e grupos contrários aos seus interesses.

Então, em 11 de Setembro de 2001, dois aviões são jogados contra o World Trade Center e um contra o Pentágono. Tratou-se de um ataque "surpresa" (novamente as aspas são indispensáveis), pelo ar (aéreo), em um ponto de concentração de recursos (financeiros e  militares), que matou 2 ou 3 mil pessoas (¹), de efeito muito mais simbólico que prático, que deixou a opinião pública estadunidense chocada e favorável à retaliação militar, e que está servindo de pretexto para que os estadunidenses ataquem militarmente todos os países e grupos contrários aos seus interesses.


Imagem do evento de 11 de Setembro de 2001, em Nova Iorque

Desde já reitero que não tenho a intenção de afirmar que os eventos de 11 de Setembro foram planejados e executados pelo mesmo grupo que também controla a indústria do cinema, ou seja, por setores internos dos EUA, conforme as versões "politicamente incorretas" que circulam na internet. O mesmo grupo que, aliás, na década de de 1960, planejou uma série de atentados em Miami e Washington para atribuí-los à Cuba e, então, terem o pretexto para atacar a ilha de Fidel Castro, plano este depois substituido pela (fracassada) invasão da "Bahia dos Porcos". Mas este já é outro assunto...

Estes são apenas dois exemplos de "semelhanças" entre os filmes, os interesses estadunidenses e os acontecimentos mundiais, e servem para mostrar, de forma absolutamente inquestionável, o quanto as "coincidências" estão presentes em nosso mundo.

R.S.

 

(¹) Seguidamente, em grandes tragédias, o número de vítimas estimado inicialmente é inferior ao verdadeiro e, com o passar dos dias, o progresso das buscas e os novos registros de desaparecidos, o número vai aumentando progressivamente. No caso de 11 de Setembro, estranhamente, ocorreu o contrário. O número de vítimas começou com estimativas de até 100 mil pessoas, foi caindo e, quando chegou em 5 mil a imprensa, curiosamente, parou de divulgá-lo, embora este número tenha continuado a baixar.