REAL É A MOEDA MAIS INSTÁVEL DO MUNDO
19 de Novembro de 2003

 

Um estudo realizado pela empresa de consultoria Global Invest concluiu que, no acumulado desde 1999, o Real é a moeda mais instável do mundo. De acordo com a pesquisa, desde que o regime de câmbio flutuante foi implantado, vem sendo testado em função das fortes valorizações e desvalorizações impostas cada vez que o País enfrenta uma crise interna ou externa.   

Analisando o comportamento da moeda brasileira frente ao dólar, apenas em 2000 foi constatada uma volatilidade média inferior a 10%. No ano seguinte, a crise energética e os atentados de 11 de setembro levaram a instabilidade a uma taxa de 20%. Em 2002, com as expectativas em relação às eleições presidenciais, a volatilidade chegou a atingir picos acima de 50%, e teve média de 25%.

Com todos esses motivos específicos, o Brasil esteve entre os três mais voláteis em todos os rankings nos últimos cinco anos - com exceção de 2000 -, desempenho não repetido por nenhuma outra economia. Em seguida, vêm Turquia, Indonésia, África do Sul e Argentina.

Apesar do ano de 2003 estar sendo considerado de alta volatilidade no mercado mundial de câmbio, a média do Real até agora é a segunda mais alta entre os países: 17%. Boa parte desse índice se deve à grande queda do dólar vivida no início do ano, após a supervalorização causada pela tensão pré-eleitoral.

Segundo a Global Invest, a previsão para os próximos anos também não é otimista pois o Brasil precisará continuar contando com a estabilidade da economia mundial e a entrada de capital estrangeiro, que pode "fugir" para outros países ao primeiro sinal de crise.

"Apesar de estarmos vivenciando uma das mais baixas volatilidades em relação às outras moedas no período, nenhuma mudança efetiva para amenizar uma futura volatilidade ocorreu", diz a consultoria.

"O problema do Brasil tem início pela taxa de câmbio. Porém, nada de concreto foi realmente elaborado para se controlar essa volatilidade. Atualmente vemos uma continuidade de um ciclo vicioso, no qual o BC tornou-se refém de suas próprias ações."  

 

Fonte: Jornal Eletrônico Último Segundo, 18/Nov/2003.