ONZE DE SETEMBRO: PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Moacyr Flores
As
forças legalistas do tenente-coronel João da Silva Tavares acamparam na
barra do arroio Seival, afluente do Candiota. Sabendo da presença do
coronel Antônio de Souza Neto, lançou-se à sua procura, sendo
interceptado pelos farrapos nas pontas do Seival, em 10.9.1836. O
tenente-coronel Tavares recuou a tropa para uma coxilha, colocando no
centro a infantaria e nas alas, a cavalaria.
A
cavalaria de Neto avançou como se fosse atacar a infantaria legalista
que recuou para que suas alas envolvessem os farrapos. No último momento
Neto virou o ataque para a a ala esquerda legalista e girou, atacando o
centro imperial pela retaguarda. Ao ser atacada, a infantaria imperial
tentou retornar para a posição anterior, sendo atropelada pela cavalaria
de sua ala direita. Os imperiais perderam 11 oficiais e 156 soldados,
enquanto os farrapos tiveram 34 baixas entre mortos e feridos.
Embalados
pela vitória, os farrapos armaram bivaque no campo de Meneses. Ainda
le-vavam a bandeira imperial. À noite, Joaquim Pedro Soares e Manuel
Lucas de Oliveira convenceram Neto a proclamar a República argumentando
que a Coluna do Centro, co-mandada por Bento Gonçalves e acampada em
Viamão estava perdida.
Em
suas memórias, Manuel Alves da Silva Caldeira levanta a hipótese de que
Joaquim Pedro Soares e Manuel Lucas de Oliveira pressionaram Neto na
noite de 10 de setembro, afirmando que se ele não proclamasse a
república, os piratinienses se retirariam da revolução porque o coronel
João Manoel de Lima e Silva seria general comandante (Rodrigues, p. 36).
O
mesmo Caldeira, em carta a Alfredo Varela, em 13.9.1894, afirma que a
deposição de Braga foi o primeiro passo para a proclamação da república e
que Bento Gonçalves tinha conhecimento do movimento republicano, pois
desde 1826 trabalhava-se no Brasil por esta idéia, não podendo o Rio
Grande do Sul ficar fora da federação. Neto proclamou a repúbli-ca
porque Bento Gonçalves estava em Viamão, em perigo de ser envolvido (CV
3098).
Joaquim
Pedro e Lucas de Oliveira redigiram a proclamação e ao amanhecer do dia
11, com a tropa formada, o cel. Neto avançou a galope com seu piquete,
recebeu continência e foi aclamado general em chefe do exército
republicano. A seguir, Joaquim Pedro ordenou que a força desmontasse,
formando quadrado, leu a justificação da luta contra o despotismo atroz
do governo central e que tinha como objetivo transformar a província a
num estado livre e independente. :(CV 3103).
No
final, a proclamação da república:
Camaradas! Nós que compomos a 1ª Brigada do
Exército liberal, devemos ser os primeiros a proclamar, como
proclamamos, a independência desta província, a qual fica desligada das
demais do império e forma um Estado livre e independente, com o título
de República Rio-Grandense, e cujo manifesto às nações civilizadas se
fará oportunamente.
Camaradas! Gritemos pela primeira vez: Viva a República Rio-Grandense!
Viva a Independência! Viva o Exército Republicano Rio-Grandense!
Em
12-NOV-1836 o governo republicano publica o decreto de criação da
bandeira tricolor.
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