MOEDAS FALSAS COMPLICAVAM A ECONOMIA
Durante todo o período colonial o Rio Grande do Sul
sofreu com a escassez de moeda. Inicialmente as moedas de ouro compunham
cerca de dois terços do dinheiro em circulação no Brasil, sendo o outro
terço formado principalmente de moedas de prata, com uma pequena parte
de moedas de cobre. Quando, ao chegar ao Brasil, em
1808, Dom João VI abriu os portos às nações amigas e aumentou as
importações, causou um desequilíbrio na balança de pagamentos, que
agravou a crise das moedas, pois o ouro empregado em sua produção passou
a ser destinado à cobertura do déficit na balança comercial. A seguir
ocorreu o mesmo com a prata e a solução foi aumentar a produção de
moedas de cobre. Mas essas moedas logo começaram a
ser falsificadas, tanto dentro como fora do país. Esse processo
continuou a ocorrer depois da Independência (em 1822), e mesmo depois da
abdicação de Dom Pedro I (em 1831). No Rio Grande do Sul houve uma
verdadeira inundação de moedas falsas. Calcula-se que entre as moedas de
40 e 50 réis, um quinto ou mesmo um quarto eram falsas. O
governo da província tinha medo de tomar medidas drásticas, como a
proibição de circulação dessas moedas, e causar pânico entre a
população. Em 1833 o governo central resolveu que os
portadores de moeda de cobre deveriam se apresentar dentro de um prazo
de dois meses aos tesouros das diversas províncias, para entregar suas
moedas e receber, em troca, cédulas que representariam 95% do valor das
moedas que entregassem. Essas cédulas passariam a circular como dinheiro
legal. Para os gaúchos, a medida cedo mostrou-se
complicada. O prazo era muito pequeno, e o número de postos de troca era
insuficiente. Nesse quadro já confuso, apareceram dois novos problemas:
a falta de cédulas em número suficiente e sua falsificação. A
situação atingiu tal gravidade, devido à falta de meio circulante e à
falsificação de cédulas, que nesse ano (1833) chegou a se instalar o
pânico entre a população. Para acalmar o povo, o Conselho Geral da
Província teve que determinar que as moedas de cobre continuassem em
uso. Como atenuante, permitiu-se que o Tesouro recebesse vales como
dinheiro, mas persistiu a desconfiança dos gaúchos.
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