ROBERT RUBIN: O PRESIDENTE
DO BRASIL Publicado
em 11 de Junho de 1999 Revisado em ampliado em 24 de Junho de 1999
Na Inglaterra o jornal The
Observer, ligado ao "Partido
Trabalhista" do Primeiro Ministro Tony Blair, o homem da "Terceira
Via", em sua edição do dia 7
de Março de 1999, seção
"Observer Business", apresenta artigo intitulado "Como
os Estados Unidos conquistaram o poder no Brasil"
(How the US seized power in BraziI), que não dá margem a dúvidas
quanto ao fim da soberania brasileira, e por consequência,
o fim do Brasil.
O MOVIMENTO PELA
INDEPENDÊNCIA DO PAMPA apresenta
a seguir o artigo na sua íntegra, em uma tradução
livre. A versão original, em inglês, também
está disponível no final desta página.
Jornal
THE
OBSERVER
Seção OBSERVER BUSINESS http://www.guardianunlimited.co.uk/
COMO
OS ESTADOS UNIDOS CONQUISTARAM O PODER NO BRASIL
Eleitores escolhem
o Presidente Cardoso, mas, em vez disso, um esquema
norte-americano deu a presidência para o Secretario
do Tesouro Robert Rubin
Por Gregory
Palast
Domingo,
07 de Março de 1999
Quando Robert Rubin, Secretário
do Tesouro dos Estados Unidos, era bem jovem, sonhou
que um dia seria Presidente do Brasil. Agora, seu sonho
tornou-se realidade. Obviamente, para um norte-americano
residente em Washington, Rubin assumiu o poder da única
maneira que lhe seria possível: por meio de uma
brilhante falcatrua.
O Presidente nominal do Brasil,
Fernando Henrique Cardoso, foi reeleito em outubro de
98 por uma única razão: ele estabilizou,
aparentemente, a moeda do seu país e, como conseqüência,
estancou a inflação.
Na verdade, ele não fez
isso. O real brasileiro foi absurdamente valorizado.
Assim, à medida que se aproximavam as eleições
a razão de troca, em relação ao
dólar, desafiava, cada vez mais, a lei da gravidade.
O milagre conduziu Cardoso à vitória,
com 54% dos votos.
Todavia, não acontecem
milagres na vida real. Quinze dias depois da posse de
Cardoso, o real emborcou e morreu. Hoje ele vale quase
a metade do seu valor no dia das eleições.
A inflação está de volta e a economia
implodiu. O apoio a Cardoso, que se revelou agora um
fraudador incompetente caiu para 23% do eleitorado.
Tarde demais. Ele é
o Presidente.
Bem, mais ou menos! Não
há muita coisa sobrando para a presidência
de Cardoso, a não ser o título. Todas
as decisões importantes, desde as de orçamento,
até as relativas ao emprego, passaram a ser ditadas
pelo FMI e agências associadas. Atrás deles,
apertando o gatilho está o Secretário
do Tesouro Rubin, que manobra como presidente "de
fato" do Brasil, sem ter necessidade de faltar
a um só "cocktail party" em Washington."
Este é o preço que
Cardoso paga pelos serviços de Rubin durante
a campanha eleitoral. Foi o Tesouro norte-americano
que, junto com o FMI, manteve a moeda brasileira valorizada.
Além de ajudar Cardoso, Rubin teve outro bom
motivo para manter o sistema monetário brasileiro.
Sabendo que a moeda iria se despedaçar após
a eleição, o Tesouro norte-americano cercou-se
de garantias de que os bancos americanos poderiam tirar
o dinheiro deles do Brasil em condições
favoráveis.
Entre Julho de 1998 e o início
de Janeiro de 1999 as reservas brasileiras caíram
de US$ 70 bilhões para US$ 26 bilhões,
um sinal de que os banqueiros haviam pego o dinheiro
deles e corrido para fora do Brasil.
Contudo, a moeda também
ficou supervalorizada antes das eleições
porque os norte-americanos disseram que substituiriam
as reservas perdidas com um grande empréstimo
do FMI.
E foi deixado claro para os eleitores
que este empréstimo só seria dado para
Cardoso e não para o Partido dos Trabalhadores,
de oposição.
O patrocínio que a elite
internacional deu para Cardoso foi selado pelo aparecimento
no Rio de Janeiro, em Julho de 1998, de Peter Mandelson,
cujo endosso de Cardoso marcou o ingresso oficial do
Brasil no projeto da "terceira via" de Clinton-Blair
e causou agito na imprensa brasileira.
Um mês após a reeleição
de Cardoso, o FMI ofereceu créditos totalizando
US$ 41 bilhões. Claro que o Brasil não
receberá nada disso. Qualquer porção
deste crédito que atualmente goteja em direção
ao Brasil vai embora no primeiro avião, levados
pelos investidores e especuladores que abandonam o país.
Os brasileiros pagarão
integralmente esta dívida. Mas esta não
é a preocupações dos brasileiros.
Como parte da magia negra para manter a cotação do real
frente ao dólar antes da eleição,
Washington determinou ao Banco Central do Brasil que
elevasse as taxas de juros, que agora chegam firme aos
39 por cento. O FMI queria 70 por cento. Nas ruas de
São Paulo, isso se traduz em taxas de até
200 por cento em operações de empréstimos
pessoais e empresariais.
A confirmação
do esquema de Rubin de
apoio a Cardoso e aos banqueiros norte-americanos vem de uma interessante fonte: Jeffrey
Sachs da Universidade de Harvard.
Sachs é bastante relembrado como a "Maria
Tifóide" do neo-liberalismo (expressão
figurada que indica "o grande disseminador do neo-liberalismo"), que espalhou teoremas de livre mercado
e de depressão econômica através
da antiga União Soviética. Sachs, que
ainda está tagarelando em torno dos jogadores
do grande jogo financeiro internacional disse-me:"
Você podia ver a economia (brasileira) andando
sobre um penhasco. O colapso ocorreu em câmera
lenta. Mas antes de prevenir o colapso através
de uma desvalorização controlada, Washington
e o FMI vigorosamente encorajaram taxas de juros adicionais
de 50 por cento."
"Washington queria Cardoso
reeleito", disse ele, e os financiadores norte-americanos
necessitavam seis meses para retirar seus capitais do
Brasil em condições favoráveis.
Se o golpe financeiro de Rubin
dá a impressão de ter sido bem sucedido,
é porque ele usou o mesmo método que em
1994 o tornou presidente "de fato" do México.
Mais uma vez, um partido governante suspeito foi levado
ao poder através de uma (aparente) solidez monetária e promessas
norte-americanas de auxílio.
Quatro semanas após a inauguração
do Presidente Ernesto Zedillo, o peso entrou em colapso
enquanto os banqueiros norte-americanos que financiavam
o México eram "garantidos" de fora
por um empréstimo especial dos Estados Unidos.
Cardoso sabe muito bem que as
manipulações de Rubin são as culpadas
pela falência brasileira. Mas, com a ajuda da
imprensa direitista, ele
(Cardoso) e o FMI atribuem a culpa pelo colapso
econômico a vilões bem familiares dos leitores
britânicos: empregados governamentais, aposentados
e a união
("máquina"
pública). Eles são acusados de estourar
o orçamento do governo.
Isso é loucura. Pagamentos
de juros, acentua Sachs, iguais a monstruosidade de
10 por cento dos gastos do país, são os
únicos responsáveis por dobrar o déficit
federal. Comparadas com isso, as aposentadorias dos
trabalhadores governamentais, principal alvo dos cortes
orçamentários, são uma gota dentro
do oceano.
Mas a análise de Sachs
é incompleta. Ele diz que o FMI "falhou",
porque os grandes juros levaram à crise e depressão.
Ele está errado.
A crise é parte do plano.
Apenas sob o pânico econômico
Rubin e o FMI poderiam soltar os Quatro Cavaleiros das
Reformas: mate os gastos
sociais, corte a folha de pagamento do governo, quebre a federação e, o grande prêmio, privatize
empresas públicas lucrativas.
Mas Cardoso não é
marionete feliz nas mãos de Rubin. Anteriormente
sociólogo e especialista na teoria da dependência,
ele deve estar triste pela perda da soberania financeira
brasileira. (Nota
do tradutor: Será que está triste? Duvido
muito, pois Cardoso atingiu o seu objetivo e implementou
com sucesso as metas dos Quatro Cavaleiros das "Reformas". Que reformas!)
Ele sobreviveu às eleições,
mas a oposição varreu o seu partido dos
principais estados. Os novos governadores regionais
não estão lamentando. Eles estão
descobrindo os dentes dele.
Em Janeiro, o ex-presidente brasileiro
Itamar Franco, eleito governador do estado de Minas
Gerais, recusou-se a pagar os seus débitos com
o Tesouro Federal. Seis outros governadores então
disseram a Cardoso que qualquer pessoa sensível
diria a qualquer vigarista que elevasse as taxas de
juros dos empréstimos de 10 por cento para 60
por cento: vá para
o inferno.
A imprensa trata Franco como um
palhaço, alguém que tem inveja de Cardoso.
O objetivo deles é desviar as atenções
para bem longe da verdadeira ameaça a Cardoso
e ao FMI, Olívio
Dutra, o governador popular
do estado do Rio
Grande do Sul e a crescente
estrela do Partido dos Trabalhadores. O filho de camponeses,
este jovem, militante "suave" para a era da
TV, transformou a capital do seu estado em um grande
mostruário de desenvolvimento.
É Franco que eles atacam,
mas é Dutra que eles temem. Cardoso
está se esforçando ao máximo para
punir os cidadãos do Rio Grande do Sul por
elegerem Dutra, que não
se recusou a efetuar os pagamentos ao governo federal,
mas depositou, cerca de £ 27 milhões (27
milhões de libras esterlinas), em juízo.
Cardoso respondeu de forma depravada,
bloqueando £37 milhões em impostos coletados
para o estado de Dutra. O FMI bloqueou empréstimos
ao Rio Grande.
Contatado por telefone em seu
escritório em Porto Alegre, Dutra disse concordar
que a crise requer sacrifícios. Ele demitiu trabalhadores
governamentais. Mas ele teve a audácia de sugerir
que a General Motors e a Ford deveriam juntar-se ao
sacrifício e renunciarem às isenções
fiscais (obtidas do governador
anterior) e que agora sangram
a tesouraria estadual.
O Brasil é uma nação
rica. O seu Produto Interno Bruto (PIB), mesmo em depressão,
é um terço de um trilhão de libras
esterlinas (Nota
do tradutor: O jornalista esquece aqui de analisar o PIB per capita, o verdadeiro indicador
de riqueza de uma nação. Se o PIB brasileiro
é elevado é porque o número de
habitantes é ainda maior, caso contrário,
estaríamos afirmando que países como a
Suíça ou Dinamarca, que possuem um PIB
menor que o brasileiro são países mais
pobres que o Brasil, o que não corresponde à
realidade). Mas como um animal
que freneticamente corre em círculos, ele está
perdendo a capacidade de reter o capital nacional, que
é enviado para o exterior e acaba voltando na
forma de empréstimos com taxas de juros usurpantes.
Este é o motivo pelo qual
Dutra está especialmente agitado sobre o confisco,
por privatização, do seu banco estadual
de desenvolvimento (o nosso conhecido Banrisul),
a locomotiva de autofinanciamento
da expansão do
Rio Grande.
O Governador, que não é
bobo, não desperdiça disparos no humilhado
Cardoso. Pela organização da resistência
contra as exigências de Rubin e contra os termos
dos empréstimos do FMI, Dutra, de forma perspicaz,
não aponta para o marionete, mas para os manipuladores.
(As informações
apresentadas na cor cinza são esclarecimentos ou comentários
inseridos pelo tradutor)
Traduzido
pelo MOVIMENTO PELA INDEPENDÊNCIA DO PAMPA. |
Num excelente editorial o jornal O Farol comenta a
notícia publicada pelo The Observer. É lembrado Otto
Maull, celebre geopolítico alemão que afirmou em 1926,
que "o domínio
da economia de um Estado equivale à conquista, pela força,
do seu próprio território".
Nesta época Maull
jamais poderia prever a influência que o futuro reservara
para a mídia, nem tampouco a possibilidade dos meios de comunicação
de um país serem cooptados pelos invasores do campo econômico,
para deixarem de alertar o povo sobre o perigo iminente.
Conforme O
Farol, caso tivesse essa visão
do futuro, o sábio alemão, com certeza, teria alterado
o seu pronunciamento, para afirmar que "o domínio da economia de um Estado
é mais grave até do que a conquista pela força
do próprio território".
Ao afirmá-lo, outrossim, justificaria o seu ponto de vista
ressaltando que a invasão do território, ato ostensivo
e chocante, despertaria rapidamente a reação patriótica
dos naturais que, para preservar a sua herança material e
cultural, pegariam em armas dispostos a lutar até a expulsão
dos invasores. Já a invasão econômica, silenciosa,
sutil, e aparentemente indolor, se não combatida desde o
início, pelo esclarecimento aos nacionais dos riscos envolvidos,
transformar-se-á numa avalanche, que só se esgotará
quando consumada a ocupação total do compartimento
econômico do estado vitimado.
Após a dominação econômica,
ademais, todas as demais expressões do poder nacional sucumbirão.
O Estado invadido, então, perderá a sua soberania,
e o povo subjugado na sua identidade. Tal situação
já se delineia, com grande nítidez no Brasil de hoje,
onde forças estrangeiras já conseguiram passar o arreio
no Executivo, sem a devida reação do Legislativo e
do Judiciário.
Enquanto isso,
setores expressivos
da mídia nacional ocultam os fatos à população,
ao mesmo tempo em que enaltecem os vendilhões do patrimônio
público.
O desfecho desta "ocupação econômica" está tão próximo que já
começam a aflorar desentendimentos entre os países
ricos, inventores da chamada globalização das economias,
pelo fato dos Estados Unidos da América terem assumido o
comando integral da situação brasileira.
Diante de fatos como este é impossível
não questionar: O Brasil ainda existe como nação
soberana? Os ingleses
já responderam, para eles o Brasil é apenas uma colônia
norte-americana.
Abaixo segue o artigo original
na íntegra, em inglês:
Jornal
THE
OBSERVER
Seção OBSERVER BUSINESS http://www.guardianunlimited.co.uk/
How the
US seized power in Brazil
Voters chose President
Cardoso - but American scheming gave them Treasury Secretary
Robert Rubin instead
By Gregory
Palast
Sunday
March 7, 1999
When the United States
Treasury Secretary Robert Rubin was little, he dreamed
of becoming President - of Brazil. Now his dream has
come true. Of course, as an American living in Washington,
Rubin won control the only way he could - through a
brilliant swindle.
The nominal President
of Brazil, Fernando Henrique Cardoso, was re-elected
last October for only one reason: he had apparently
stabilised the country's currency - and thereby stopped
inflation.
In truth, he hadn't.
Brazil's real was ludicrously overvalued. Yet as the
election approached, its exchange rate against the dollar
defied gravity. This miracle carried Cardoso to victory,
with 54 per cent of the vote. But miracles don't really
happen. Fifteen days after Cardoso's inauguration, the
real keeled over and died.
Today, it trades at roughly
half its election-day value. Inflation is zooming, and
the economy is imploding. Support for Cardoso, now reviled
as an incompetent cheat, has dropped to 23 per cent
of the electorate. Too late. He's President.
Well, more or less. There
is nothing much left to Cardoso's presidency but the
title. All meaningful policies, from spending to employment,
are dictated by the International Monetary Fund and
its brethren agencies. And behind them, calling the
shots, is Treasury Secretary Rubin, who rules as de
facto president of Brazil without having to miss a single
US cocktail party.
This is the price Cardoso
pays for Rubin's election campaign services. For it
was the US Treasury which, with the IMF, kept Brazil's
currency aloft. Rubin had good reason, besides helping
Cardoso, for maintaining Brazil's dubious coinage. Knowing
that the currency would go to pieces after the election,
the US Treasury made sure American banks could get their
money out of the country on favourable terms.
Between last July and
the inauguration this January, Brazil's dollar reserves
dropped from $70 billion to $26bn, a sign the bankers
had grabbed their money and run.
Yet the currency stayed
afloat before the election because the US said it would
replace lost reserves with an IMF loan package.
And it was made equally
clear to voters that the funds would be handed over
only to Cardoso, not to the opposition Workers' Party.
The international elite's
sponsorship of Cardoso was sealed by the appearance
in Rio de Janeiro last July of Peter Mandelson, whose
unusual endorsement of Cardoso marked the Brazilian's
official enrolment in the Clinton-Blair 'third way'
project and caused a stir in the Brazilian press.
A month after Cardoso's
re-election, the IMF duly offered credits totalling
$41bn. Brazil will net none of it, of course. Any portion
that actually drips towards the nation takes the next
plane out with investors and speculators abandoning
the country.
Brazilians are left to
pay off this debt. But that's the least of their worries.
As part of the black magic of maintaining the pre-election
exchange rate, Washington pushed the Bank of Brazil
to raise its benchmark rates, which have now settled
at 39 per cent. The IMF wanted 70 per cent. On the streets
of Sao Paulo, this translates into interest rates of
up to 200 per cent on private loans and business credit.
Confirmation of Rubin's
scheme to bail out both Cardoso and the US banks comes
from a most interesting source: Harvard University's
Jeffrey Sachs. Sachs is best remembered as the Typhoid
Mary of neo-liberalism, who spread free-market theorems
and economic depression across the former Soviet Union.
Sachs, who is still in the chattering loop of players
in the international finance game, told me: 'You could
watch (Brazil's) economy going over a cliff. It happened
in slow motion. But rather than prevent collapse though
controlled devaluation, Washington and the IMF vigorously
encouraged 50 per cent-plus interest rates.
'Washington wanted Cardoso
re-elected,' he said, and American financiers needed
six months to unload Brazilian bonds and currency on
favourable terms.
If Rubin's financial
coup d'etat seems well practiced, this is because he
used the same method in 1994 to become de facto President
of Mexico. Once again, a mistrusted ruling party was
returned to power on the strength of its currency and
US promises of support.
Four weeks after President
Ernesto Zedillo's inauguration, the peso collapsed while
American lenders to Mexico were bailed out by a special
US loan fund.
Cardoso knows better
than to blame Rubin's manipulations for Brazil's troubles.
Rather, with help from a right-wing press, he and the
IMF blame the economic collapse on villains familiar
to British readers: government employees, pensioners
and unions. They are accused of busting the government's
budget.
That's nuts. Interest
payments, notes Sachs, equal a monstrous 10 per cent
of the nation's spending, and entirely account for the
doubling of the federal deficit. Compared with this,
government workers' pensions, chief target of the budget
cutters, are a drop in the ocean.
But Sachs' analysis falls
short. He says the IMF 'failed', because the high interest
led to crisis and depression. He's wrong. Crisis is
part of the plan.
Only in an economic panic
can Rubin and the IMF unleash the Four Horsemen of Reform:
kill social spending, cut government payrolls, break
the unions and, the real prize, privatise lucrative
public assets.
Yet Cardoso is not Rubin's
happy hand puppet. Formerly a sociologist and expert
on dependency theory, he must grieve for the loss of
Brazil's financial sovereignty.
He survived the elections,
but the opposition swept his party from the biggest
states. The new regional governors aren't grieving.
They are baring their teeth.
In January, Brazil's
former President, Itamar Franco, just elected Governor
of Minas Gerais state, refused payment on debts to the
federal Treasury. Six other governors then told Cardoso
what any sensible person would tell a loan shark who
raises interest rates from 10 per cent to 60 per cent:
go to hell.
The press dismisses Franco
as a buffoon, jealous of Cardoso. Their purpose is to
take the attention away from the true threat to Cardoso
and the IMF, Olivio Dutra, the popular Governor of Southern
Rio Grande state and rising star of the Workers' Party.
The son of landless peasants, this youthful, suave militant
for the TV age turned the state's capital into a national
showcase of development.
It is Franco they attack,
but Dutra they fear. Cardoso is doing his best to punish
the citizens of Rio Grande state for electing Dutra,
who did not withhold payments to the federal government
but paid the funds, about £27 million, into the
courts.
Cardoso responded viciously,
holding back £37m in taxes collected for Dutra's
state. The IMF blocked loans to Rio Grande.
Reached by telephone
at his office in Porto Alegre, Dutra said he accepted
that crisis requires sacrifice. He has laid off state
workers. But he had the audacity to suggest that General
Motors and Ford join the sacrifice and give up the tax
breaks now bleeding the state treasury.
Brazil is a rich nation.
Its gross domestic product, even in depression, is a
third of a trillion pounds. But like a frantic hamster
on a toy wheel, it is losing the race to capture its
own fleeing capital, which it must buy back at usurious
interest rates.
This is why Dutra is
especially agitated over the seizure for privatisation
if his state's development bank, an engine of Rio Grande's
self-financed expansion.
The Governor, no fool,
does not waste bullets on the humiliated Cardoso. By
organising resistance to Rubin's demands and the IMF's
loan terms, Dutra shrewdly aims not at the puppet but
the puppeteers. |
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