Mate 
                        do estrivo bendito,   Amargo que a gente chupa,   
                        Já de poncho na garupa   Para a tropeada do 
                        mundo,   Algum mistério profundo   Te revirou 
                        do avesso,   Porque és doce no começo 
                          E tão amargo no fundo!     Quantas 
                        vezes te chupei   Junto ao cavalo encilhado,   
                        Tendo a china no costado   Tristonha na despedida, 
                          Sem pensar - velha bebida! -  Que ao te golpear 
                        sem rebuços,   Ia bebendo os soluços 
                          Daquela prenda querida!     Velho mate carinhoso, 
                          Encilhado de erva mansa,   Quando uma China 
                        te alcança,   Olhando quieta pra gente,   
                        Deve pensar, certamente,   Que depois de um beijo 
                        longo,  O adeus é como o porongo   Que 
                        fica frio de repente!     Mil vezes te amanunciei, 
                          No pingo meio oitavado,   Entre um pedido, um 
                        recado,   De uma mana ou de uma prenda...   Pois 
                        sempre alguém recomenda   Quando a gente é 
                        meio novo   Que não se meta em retovo   
                        Junto aos gaudérios de venda!     E depois 
                        quando parti-me  Do Pago, campeando a sorte,   
                        Eu te chupei, mate forte,   Bem junto do parapeito, 
                          E fui saindo, sem jeito,   Dando rédeas 
                        ao gateado,   Mas te guardarei bem cevado   No 
                        porongo de meu peito!     Decerto é por 
                        isso mesmo  Que quando evoco a Querência  
                        Eu te sinto, com violência,   Nas veias em 
                        atropelo,   E até me ouriça o cabelo. 
                          Pois do meu ser primitivo,   Aquele mate do 
                        estrivo   Foi o último sinuelo!     
                        E ao bom Deus que é rio-grandense  Sempre 
                        peço, enquanto vivo,   Um chimarrão 
                        para o estrivo   Quando chegar o meu fim.   E 
                        se Ele quiser assim,   Vá destacando uma china 
                          Que lá na Estância Divina   Prepare 
                        o mate pra mim!    |