Meu Pedido
Se me fosse concedido pelo
Ser Onipotente que eu escolhesse um presente,
algo de grande e querido, o meu supremo pedido
seria voltar distância à primeira ignorância,
mais doce do que uma flor eu pediria ao Senhor
que me devolvesse a infância!
Eu não queria dinheiro,
nem fortuna - nem saúde, mas aquela alminha
rude de piazito missioneiro ao pé do
fogão campeiro do velho pago avoengo,
ouvindo o vento andarengo, senhor do tempo e caminho,
contando - devagarzinho, histórias do diabo
rengo...
Sentindo a fumaça crua
que faz chorar de brinquedo, meio arrepiado de medo
dos duendes da pampa nua, e o beijo da mãe
charrua mais doce que um caramelo, naquele doce
desvelo que de ternura se esvai e a mão
amiga do pai me esparramando o cabelo! |